“O setor se diversificou barbaramente, com novos players tomando decisões, e só o consumidor, quem paga a conta, é que não participa delas”. A frase é de Luiz Barata, ex-diretor do Operador Nacional do Sistema (ONS), ao comentar para o Valor uma estimativa feita pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) em parceria com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Na conta entraram empréstimos às distribuidoras, a contratação de mais energia de termelétricas fósseis e pouco menos de R$ 80 bilhões para construir os gasodutos e as térmicas que entraram no pacote da privatização da Eletrobras.
O Canal Energia explicou as novas regras da ANEEL para manter as distribuidoras equilibradas.
O pacote da privatização diz que essas térmicas serão inflexíveis, o que significa que operam sempre, quer faça sol, quer faça vento. Assim, a pesquisa estima que elas emitirão cerca de 20 milhões tCO2e por ano, aumentando em quase 40% as emissões de um setor elétrico que tem se esforçado para perder a antiga aura de limpeza e renovabilidade. O Canal Energia também falou destas emissões.
Barata também defende um investimento maior em eficiência energética pois não existe energia mais barata do que aquela que não precisa ser gerada. O Canal Energia entrou em mais detalhes sobre a baixa eficiência no uso da eletricidade no Brasil.
Por seu lado, Elbia Gannoum, da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), defende uma mudança estrutural no setor elétrico. Desde dos anos 70, o sistema elétrico enxerga as hidrelétricas como fonte de energia mais barata e as térmicas como complementação para estiagens localizadas. No Valor, ela defende que as hidrelétricas sejam operadas em função do uso múltiplo da água e que a capacidade de reservação existente seja usada como se fosse uma bateria, deixando o grosso da geração para as eólicas e fotovoltaicas.
Em tempo 1: A Enel, elétrica italiana presente em vários estados brasileiros, planeja investir mais de R$ 30 bilhões, principalmente em fontes renováveis.
Em tempo 2: No Estadão, Rubens Barbosa, diplomata, faz uma análise interessante das mudanças geopolíticas decorrentes das transições das matrizes energéticas dos países. Ele prevê que o grande vencedor será a China, pelo domínio tecnológico e de matérias primas estratégicas, e que os perdedores serão os mesmos de sempre, pois a transição “vai colocar um encargo adicional nas nações em desenvolvimento mais pobres que dependem de exportações tradicionais e/ou não têm recursos para investir na transição climática”.
Fonte: ClimaInfo
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