Uma análise do IBRE/FGV estimou o impacto da sequência de temporadas chuvosas abaixo da média histórica na última década sobre o PIB do Brasil. De acordo com as projeções, se o país tivesse experimentado entre 2012 e 2021 chuvas dentro da média histórica dos últimos 40 anos, a economia poderia ter tido um desempenho significativamente melhor, com o PIB médio anual na casa dos 2%, percentual cinco vezes maior do que o 0,4% efetivamente registrado no período.
“O Brasil depende muito da água como insumo produtivo, muito mais do que outras economias”, explicou Bráulio Borges, responsável pelo estudo, à CNN Brasil. “Nos últimos dez anos, 70% da energia fornecida veio das hidrelétricas. O setor agropecuário também tem impacto muito grande na economia brasileira. E ambos dependem de recurso hídrico”.
Enquanto isso, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, suspirou com alívio ao comentar sobre a chegada das chuvas ao Centro-Sul do Brasil neste final de ano. Em entrevista ao Estadão, Ciocchi afastou a possibilidade de racionamento de energia e disse que, com os reservatórios deixando a trajetória de queda dos últimos meses, o ONS será mais seletivo no acionamento de usinas termelétricas. Por outro lado, ele confirmou que a tarifa elétrica vai continuar salgada para os consumidores brasileiros, pelo menos até abril. Poder360 e UOL também destacaram o alívio de Ciocchi com a volta das chuvas.
E com a conta de luz ainda bem cara, o mercado de aquecedores solares seguirá bombando no Brasil no próximo ano. De acordo com estimativas da ABRASOL, citadas pelo Valor, o setor espera por um crescimento de mais de 30% no ano que vem, impulsionado pela procura crescente por consumidores preocupados com os custos da tarifa elétrica. Só nos primeiros oito meses de 2021, as vendas desse equipamento cresceram 28% no país.
Em tempo: Na Folha, Phillippe Watanabe abordou aquela que pode ser a próxima fronteira da energia limpa no mundo – a fusão nuclear. Para alguns cientistas, a alternativa pode ser chave para que a economia global consiga superar sua dependência de combustíveis fósseis e reverter a curva das emissões de carbono causadoras da mudança do clima. O problema está exatamente no “pode ser” da frase anterior: a tecnologia de fusão ainda é incipiente e, considerando o ritmo dos avanços tecnológicos nessa área, é difícil que tenhamos um breakthrough dentro de um prazo que permita à humanidade se aproveitar dela para enfrentar a crise climática. A fusão é a fonte que os físicos prometem, desde o meio do século passado, sempre para daqui a dez anos.
Fonte: ClimaInfo
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