“Muitos de nós estamos acostumados e conformados no confinamento em uma condição de participantes secundários em uma construção primariamente nossa. Romper estas estruturas é um desafio que necessitará de um esforço amplo e integrado. Estamos dispostos a trilhar esta caminhada como um sonho a ser realizado?”
Augusto Cesar Barreto Rocha
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Será que existe uma Amazônia oprimida? Quem seriam os opressores? Como transcender ou se libertar desta situação? Trabalhar uma hipótese em poucas linhas é um perigo, pois faltarão muitas nuances de importante enfrentamento. A colonização imposta desde sempre em nossa região é um desafio que possui muitos discursos, múltiplas perspectivas e uma falta de clareza sobre os interesses e, principalmente, as consequências de cada ação tomada por todas as partes que possuem alguma relação com a região.
O que mais me incomoda é o potencial de recursos não transformado em energia de resultados econômicos e sociais para a humanidade. Há uma caminhada sempre interrompida por algum motivador muito além das forças locais. De um excesso de regras, temperados por uma perfeição irreal, passando por um modelo de geração de riquezas para pequenos grupos e donos das estruturas de capital, que descredenciam as populações, as universidades e as estruturas empresariais locais. Para quebrar esta lógica da colonização, precisaremos reconstruir as nossas percepções e nos descolonizar.
Há um enorme potencial de descolonização na Amazônia e por isso ele vem sendo constantemente freado por quem não está por aqui. Sequer vivemos em uma aspiração de assumir os nossos destinos. Seguimos sendo tutelados pela relação Norte-Sul (global) e em uma relação Sul-Norte (nacional), por meio de burocratas médios, de Ministérios ou bancos diversos, que fazem toda a sorte de ação (consciente ou não), que levam a um enfraquecimento regional. Precisamos aprender conosco e construir o nosso modelo de criação responsável de uma mudança da realidade, para sair da tutela dos humores de Brasília, Doha, Nova York, São Paulo, Tóquio ou Glasgow.
Aníbal Quijano, Eduardo Restrepo, Axel Rojas e vários outros pensadores vêm construindo um pensamento que ajuda a modificar a estrutura que capturou o nosso “certo e errado” para o interesse alheio. Muitos de nós estamos acostumados e conformados no confinamento em uma condição de participantes secundários em uma construção primariamente nossa. Romper estas estruturas é um desafio que necessitará de um esforço amplo e integrado. Estamos dispostos a trilhar esta caminhada como um sonho a ser realizado?
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