A declaração conjunta EUA-China sobre o clima, apresentada no final da última 4ª feira (10/11) em Glasgow, foi uma grata surpresa para negociadores e observadores do processo diplomático na COP26. O texto representa o primeiro esforço bilateral entre os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo desde 2015, quando o Acordo de Paris foi adotado. Desde então, os dois países se distanciaram politicamente, com desavenças econômicas e geopolíticas que ainda ameaçam as perspectivas de uma cooperação substancial entre eles na área climática.
Por outro lado, o texto não trouxe nenhuma novidade no que tange ao posicionamento dos dois países nas negociações climáticas. A China continua reticente às cobranças por novas metas climáticas para a próxima década e, também, por um cronograma de abandono da produção e consumo de combustíveis fósseis. Já os EUA, mesmo com os novos compromissos anunciados pelo governo Biden, ainda lida com divisões domésticas que dificultam uma atuação mais proativa do país na esfera internacional, especialmente na questão de financiamento climático.
Como a Bloomberg destacou, um exemplo do impacto limitado do anúncio sino-americano é a recusa dos chineses em se comprometer com a eliminação do carvão nesta década e com a revisão das NDCs no próximo ano. O governo de Xi Jinping vive uma grave crise energética, que intensificou problemas que vinham se acumulando desde a primeira onda da pandemia, no começo de 2020. Já no ano passado, em um esforço para baratear os custos da energia para a retomada industrial, Pequim flexibilizou critérios de eficiência energética e emissões de poluentes e autorizou a construção de novas usinas termelétricas a carvão no país, na contramão do que vinha sendo feito pelos chineses antes da COVID.
CNN Brasil e Valor repercutiram a reação de especialistas e negociadores ao anúncio sino-americano em Glasgow. BBC, Bloomberg, Guardian e Reuters também abordaram essa notícia.
Fonte: ClimaInfo
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