Faltam 2 dias para a COP26 terminar e as negociações sobre o Artigo 6 seguem emperradas. Apesar das falas melífluas das autoridades brasileiras cantando a mudança de postura do Brasil, o que se vê, na prática, são as discussões emperradas como antes.
Seguem indefinidos os 3 pontos de discórdia: evitar dupla contagem, as sobras dos projetos de Kyoto e as frações dos créditos de carbono a serem separadas para a adaptação em países pobres e para aumentar a ambição global do Acordo.
O país passou a pleitear um período de transição para os projetos do MDL/Kyoto, algo que os europeus não querem. Também passou a pleitear outro período de transição antes que os ajustes correspondentes passassem a ser imperativos, algo que fará aumentar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, ao invés de reduzi-la. Que parte dos créditos de carbono emitidos fique retida pela UNFCCC não é problema. A questão está nas frações propostas, que vão de 20% pedidos por países pobres a 2% oferecidos pelos ricos.
SP Global, Argus e a Reuters deram a notícia. A Exame fala em mudança de postura dos negociadores brasileiros.
Em tempo: As economistas Daniela Gabor, da universidade de Bristol, e Isabella Weber, da universidade Massachusetts Amherst, escreveram um texto provocador no Financial Times comparando a narrativa da necessidade de um preço nas emissões com o tratamento de choque promovido pelo Banco Mundial e o FMI nos países do antigo bloco soviético. Por trás, elas identificam os deuses neoliberais para quem, com o preço certo, o mercado se ajusta. Ao invés disso, dado o tamanho e a urgência do desafio climático, elas defendem a intervenção maciça dos estados, através de programas do tipo New Deal.
Fonte: ClimaInfo
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