A cada ano, até 37 milhões de toneladas de lixo vão parar nos oceanos. Reverter tal cenário é possível.
Como parte das ações prévias à COP26, que terá início no próximo domingo (31) em Glasgow, na Escócia, o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) divulgou um relatório em que afirma que a poluição causada por plásticos pode duplicar até 2030. As consequências são terríveis para a saúde, economia, biodiversidade e clima.
Os dados são do relatório “Da Poluição à Solução: Uma Análise Global sobre Lixo Marinho e Poluição Plástica”.
Para reduzir a poluição por plásticos, a agência da ONU propõe o fim dos subsídios e que os combustíveis fósseis sejam substituídos por fontes de energia renovável. O Pnuma acredita ser possível reverter essa crise, desde que haja vontade política e ação urgente.
O relatório mostra que em 2015, as emissões de gases de efeito estufa causadas por plásticos eram equivalentes a 1,7 gigatoneladas de CO2. Mas até 2050, a projeção é de que as emissões aumentem para 6,5 gigatoneladas.
Os autores do estudo destacam que algumas alternativas para a crise dos plásticos também são nocivas ao meio ambiente, incluindo plásticos biodegradáveis, que causam “uma ameaça similar aos plásticos convencionais”.
O documento do Pnuma também apresenta algumas falhas do mercado, como os baixos preços de combustíveis fósseis virgens, na comparação com preços de materiais reciclados, e falta de esforços para o manejo do lixo causado por plásticos. A agência pede a “redução imediata na produção e no consumo de plásticos”.
A diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, afirma que o levantamento traz “argumentos científicos fortes sobre a urgência em agir pela proteção dos oceanos”.
Atualmente, os plásticos representam 85% do lixo marinho, mas até 2040, esse volume irá triplicar. A cada ano, até 37 milhões de toneladas de lixo vão parar nos oceanos, representando 50kg de plástico por cada metro de área litorânea.
Por conta disto, plânctons, mariscos, pássaros, tartarugas e mamíferos enfrentam graves riscos de sufocamento, intoxicação, problemas de comportamento e fome.
O Pnuma revela que o corpo humano também está vulnerável à poluição por plásticos, já que partículas são ingeridas durante o consumo de peixes, de bebidas e até do sal comum. Os microplásticos podem também penetrar nos poros e serem inalados quando estão suspensos no ar.
O relatório revela ainda os impactos para a economia: até 2040, poderá haver um risco financeiro anual de US$ 100 bilhões para as empresas, se os governos exigirem que a indústria cubra os custos do manejo do lixo.
Um aumento nos resíduos plásticos também pode levar a um aumento do descarte ilegal de resíduos a nível nacional e internacional.
O relatório pede a redução imediata dos plásticos, incentiva a transformação de toda a cadeia de valor envolvida e indica que há necessidade de reforçar os investimentos em sistemas de monitoramento muito mais abrangentes e eficazes para identificar a origem, escala e destino do plástico, bem como o desenvolvimento de uma estrutura de risco, que atualmente não existe globalmente.
O estudo conclui que é necessária uma mudança para abordagens circulares, incluindo práticas de consumo e produção sustentáveis, o desenvolvimento e adoção rápida de alternativas pelas empresas, e uma maior conscientização do consumidor para encorajar escolhas mais responsáveis.
Uma redução drástica do plástico desnecessário, evitável e problemático é crucial para enfrentar a crise global de poluição, segundo o relatório que pode conferir na íntegra, em inglês: From Pollution to Solution: A Global Assessment of Marine Litter and Plastic Pollution.
As informações são da Pnuma.
Fonte: CicloVivo
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