O avanço do desmatamento e a intensificação da mudança do clima podem aumentar o risco de exposição ao calor extremo no Brasil. De acordo com um novo estudo, os níveis de calor poderão aumentar para patamares fisiologicamente intoleráveis ao ser humano em regiões onde residem populações altamente vulneráveis. A análise foi conduzida por cientistas do INPE e da USP, e é a primeira desse tipo que identifica os impactos combinados do desmatamento e da crise climática na saúde humana, com foco no Brasil.
O estudo indica que, até 2100, mais de 11 milhões de pessoas na região Norte do Brasil poderão sofrer com exposição a níveis altos de calor, acima dos limites de adaptação fisiológica do corpo humano. Esse calor extremo está intimamente relacionado com a perda de floresta e a elevação da temperatura média global, que podem se refletir em condições climáticas mais secas e quentes nessa região do país.
Mas os impactos não se limitam ao Norte. Em todo o Brasil, cerca de 30 milhões de pessoas sofrerão impactos por estresse térmico causado pela degradação da Floresta Amazônica. O prejuízo econômico também é significativo: um aumento de 1,5°C na temperatura média global poderá representar 0,84% das perdas de jornada de trabalho até 2030, o equivalente a 850 mil empregos de tempo integral, principalmente na agricultura e na construção civil.
O estudo foi publicado na Nature Communications Earth & Environment e foi repercutido por veículos como Estadão, Folha, O Globo e Valor.
Em tempo: Outro estudo recente, divulgado na Nature, quantificou o impacto das queimadas sobre a biodiversidade na Amazônia. Os pesquisadores compararam a distribuição geográfica de 11,5 mil espécies de plantas e mais de 3 mil de animais em todo o bioma com o mapa de ocorrências de fogo entre 2001 e 2019. A área queimada é de aproximadamente 150 mil km2, o que abrange aproximadamente 20% do bioma. Por outro lado, a área destruída abriga 64% das espécies estudadas, o que nos indica que quase ⅔ das espécies amazônicas tiveram sua distribuição geográfica reduzida. Isso significa que muitas espécies, especialmente as de menor incidência geográfica, mais concentradas em uma determinada região, estão bastante vulneráveis e podem ser extintas por causa das queimadas. Fernando Reinach escreveu sobre o estudo no Estadão.
Fonte: CLimaInfo
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