O plano consiste no reflorestamento de 12 hectares no período, distribuídos em áreas já impactadas em três reservas extrativistas dos municípios de Augusto Corrêa, Bragança e Tracuateua
Com objetivo de reflorestar áreas degradadas de manguezais da Amazônia, novos viveiros estão sendo trabalhados na zona costeira de Bragança (PA) para a produção de mudas, com um importante diferencial: o engajamento das comunidades que vivem da pesca, captura de caranguejo e extração de madeira, entre outros recursos da biodiversidade.
Cerca de 30 mil mudas em processo de desenvolvimento estão sendo monitoradas em dois viveiros recém-instalados na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, no município de Bragança (PA), pelo projeto Mangues da Amazônia – patrocinado pela Petrobras e realizado pelo Instituto Peabiru e Associação Sarambuí, em parceria com o Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA). No total, em dois anos, a meta é produzir 60 mil mudas, além do plantio direto de mais 60 mil sementes em áreas propícias à recuperação, abrangendo as três espécies típicas de mangue da região: o mangue-branco, o mangue-preto e o mangue-vermelho.
Para a irrigação das sementes e mudas, os viveiros – construídos em madeira – são instalados em áreas inundadas periodicamente pelo ciclo das marés, guiadas através de pequenos canais que levam a água até as plantas.
O plano consiste no reflorestamento de 12 hectares no período, distribuídos em áreas já impactadas em três reservas extrativistas dos municípios de Augusto Corrêa, Bragança e Tracuateua (PA), mobilizando direta e indiretamente cerca de 7,6 mil pessoas.
“A participação comunitária é essencial ao sucesso do trabalho”, destaca Danilo Gardunho, coordenador da área de reflorestamento do projeto, cujos plantios de árvores têm metodologia baseada em experimentos realizados pelo LAMA.
Além do apoio à seleção de áreas, à coleta e tratamento de sementes e ao preparo das mudas nos viveiros, monitores locais mobilizam as comunidades dos manguezais em mutirões para o plantio, monitoramento e outras atividades, com expressiva participação de mulheres. “Elas são fundamentais na transferência de conhecimento”, ressalta Gardunho.
O reflorestamento está diretamente ligado a um conjunto de ações socioambientais junto a crianças, jovens e adultos, sobretudo no campo da educação para o desenvolvimento sustentável.
“Trata-se de uma atividade de base comunitária, que não deve ser colocada de cima para baixo, mas envolver cooperação”, afirma o pesquisador Marcus Fernandes, coordenador do LAMA.
Na Amazônia, são mais de 8 mil quilômetros quadrados de florestas de mangue, cerca de 80% das existentes em todo o litoral brasileiro, distribuídos no Amapá, Pará e Maranhão. Além dos plantios para recuperação de áreas degradadas, o projeto no território paraense abrange também a promoção do uso sustentável pelas comunidades, com o desenvolvimento de trabalhos científicos que subsidiam políticas públicas e planos de manejo para extração de madeira e captura comercial de caranguejo, considerando a realidade socioeconômica e a capacidade da natureza na oferta desses recursos.
Fonte: Portal Amazônia
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