Agência FAPESP – Um projeto desenvolvido pelo Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP), em parceria com escolas públicas de ensino fundamental e médio, tem contribuído para a formação de estudantes mais preparados por meio de atividades que desafiam os jovens a resolverem situações-problema em classe.
A iniciativa está sendo desenvolvida no âmbito do Projeto Temático “Estudo e aplicação da tecnologia eletroquímica para a análise e a degradação de interferentes endócrinos: materiais, sensores, processos e divulgação científica”, com apoio da FAPESP e coordenação do professor Marcos Roberto de Vasconcelos Lanza, do IQSC-USP.
Professores da rede estadual aplicam nas aulas uma estratégia de ensino chamada “Abordagem Investigativa”, na qual os alunos assumem o protagonismo e aprendem fazendo. Depois de trabalharem conceitos teóricos em livros e apostilas, como é comum no ensino tradicional, os alunos vão para a prática.
Para estudar sobre ângulo e transformações de energia, por exemplo, alunos das escolas estaduais Marivaldo Carlos Degan e Luis Viviane Filho, ambas localizadas no bairro Cidade Aracy, em São Carlos, e duas das instituições que integram o projeto, construíram carrinhos de garrafa pet movidos pela reação química entre vinagre e bicarbonato.
Nesse processo, a turma é estimulada a levantar hipóteses e questionamentos, como “Qual a melhor proporção dessa mistura para o deslocamento do veículo?”, “Por que o ar desloca o carrinho?”, “Qual o peso ideal que o carro deve ter?” e, por fim, “Qual o melhor ângulo para o lançamento?”. Validando essas possibilidades e resolvendo esses problemas, os alunos aprendem brincando conceitos de ciências, química e matemática.
“Quando o gás sai pela garrafa, o veículo se movimenta. Ou seja, a classe vê a conversão da energia cinética em energia mecânica acontecendo”, relata à Assessoria de Comunicação do IQSC-USP o professor Nicolas Martins, que implementou a atividade na Escola Marivaldo Carlos Degan.
O docente afirma ainda que, como os estudantes colocam a mão na massa, o engajamento é muito maior e a aprendizagem se torna mais efetiva.
A professora Ana Cláudia Kasseboehmer, docente do IQSC-USP e coordenadora do projeto batizado de EducAção, conta que, num primeiro momento, alguns estudantes têm dificuldades, medo de pensar ou falar algo e serem repreendidos. Mas depois que compreendem a ideia, pedem que outras aulas com o mesmo perfil sejam realizadas. Ela explica que a metodologia desenvolve o raciocínio lógico, exercita a curiosidade intelectual, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade.
Apesar de a “Abordagem Investigativa” ainda ser pouco difundida nas salas de aula brasileiras, a metodologia é parte da Base Nacional Comum Curricular e do Currículo Paulista. Em São Carlos, por meio da parceria com a USP que ocorre desde 2019, a estratégia está presente nas Escolas Estaduais André Donatoni, Ludgero Braga, Dona Aracy Leite Pereira Lopes e Marivaldo Carlos Degan.
O distanciamento social provocado pela pandemia de COVID-19 alterou os planos do projeto e todos os encontros de formação passaram a ser on-line. A mudança atraiu mais participantes, que antes não podiam comparecer. No primeiro semestre de 2021, 60 professores chegaram a se envolver com as atividades promovidas pelo IQSC. O projeto ainda contribui para a formação dos licenciandos da USP.
A iniciativa crescerá nos próximos meses. Além do grupo de “Aprendizagem Investigativa”, os temas de “Sustentabilidade” e “Alimentação Segura” passarão a ser trabalhados com professores de escolas públicas.
Fonte: Agência FAPESP
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