A conta de luz está sendo atacada de todos os lados. Parte delas são as bandeiras que remuneram as térmicas fósseis quando são acionadas. Quando o governo finalmente avisou que há uma grave crise hídrica, ele também aumentou a bandeira vermelha em mais de 50%. A parte mais importante da conta de luz é a tarifa das concessionárias que são reajustadas anualmente. Ao longo deste ano elas aumentaram, em média, 7%. O maior aumento até agora foi de 11,4%. Segundo o Estadão, os aumentos de tarifas no ano que vem podem chegar a 17%, ou um aumento acumulado de 25%. Em editorial, o Estadão cravou: “É espantoso que, diante de um quadro que inspira extrema preocupação, o governo federal aja com pouca ou nenhuma transparência ao lidar com a crise. O MME não divulga um indicador que determine quando é o momento de adotar o racionamento de energia no país”.
Em São Paulo, a Sabesp se alinha com o governo federal ao repetir que um racionamento na região metropolitana da capital está descartado. Na semana passada, em um evento na USP, Pedro Cortês avisou: “Temos uma situação comparativamente pior e o cenário climático é muito ruim em relação à ocorrência de chuvas até o fim do ano. E esse cenário avança para o início de 2022. Não teremos água suficiente para recarregar os reservatórios”. A notícia é do Valor.
O Valor explicou como os consumidores na Califórnia e na Europa têm incentivos monetários para administrarem seu consumo, mitigando as flutuações normais e anormais do fornecimento de eletricidade. O governo ensaia medidas nessa direção, mas só para consumidores corporativos. Os medidores residenciais e do pequeno comércio não têm inteligência suficiente para o controle de demanda.
Em tempo: O Chile está sofrendo uma megasseca. Recentemente, ela afetava 72% da área do país e quase metade dos municípios (comunas) apresentavam algum risco de desertificação, potencialmente impactando ⅓ da sua população. Vale ver as matérias no especial do website da iAgua.
Outra matéria do mesmo website traz o relato de uma pesquisa da Universidad de Chile sobre as bacias hidrográficas impactadas por uma tendência de redução da precipitação ao longo dos Andes. Foram feitos cenários futuros e, no mais agudo, haveria uma redução de 50% na disponibilidade de água entre 2030-2060.
Thomas Biesheuvel, na Bloomberg, relata o impacto da seca no principal produto de exportação chileno: o cobre. Uma queda de 10% em relação às previsões de produção no início do ano é esperada para a região de Antofagasta.
Fonte: ClimaInfo
Comentários