Duas reportagens recentes destacaram os impactos prejudiciais potenciais do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia para o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável no Brasil. A primeira, publicada pela BBC Brasil, trouxe um estudo conduzido pelo Centro de Políticas de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston (EUA), que concluiu que o acordo poderá entregar o inverso daquilo que vem sendo prometido. Ou seja, ao invés de progresso e geração de riqueza, a intensificação das trocas comerciais pode causar mais desigualdade, mais vulnerabilidade social e menos produtividade.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados de emprego, crescimento e produtividade de uma amostra de países sul-americanos (Brasil e Argentina) e europeus (França, Itália, Alemanha, Polônia e República Tcheca, bem como a Turquia). Para eles, nos moldes atuais, o acordo favorecerá os setores que geram empregos com média salarial mais baixa e/ou de menor produtividade, o que resultar em um cenário de “estagnação salarial, maior desigualdade, desindustrialização prematura, maior dependência da demanda externa e outros resultados adversos”. No caso particular do Brasil, os autores sustentam que o acordo comercial Mercosul-UE vai acelerar a expansão do agronegócio e da mineração, produtores de commodities de baixo valor agregado, o que pode causar também mais desmatamento e degradação ambiental.
Já A Pública trouxe dados de uma análise feita pela pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Larissa Bombardi. Segundo ela, a expansão do agronegócio esperada no contexto do acordo comercial pode ampliar o uso, nas lavouras brasileiras, de agrotóxicos proibidos na Europa. Essa conclusão foi tão grave que a autora teve que deixar o Brasil com medo de perseguição e ameaças. “Eu não tinha segurança para lançar esse trabalho vivendo no Brasil, porque sei que ele mexe diretamente com a espinha dorsal da estrutura dessa sociedade e do governo”, disse.
Fonte: ClimaInfo
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