A Polícia Federal prepara o indiciamento do presidente afastado do IBAMA, Eduardo Bim, por facilitação ao contrabando e advocacia administrativa. Bim foi afastado do posto na semana passada, na esteira da Operação Akuanduba, que desbaratou um esquema de corrupção que favorecia a exportação de madeira extraída em condições suspeitas na Amazônia. Segundo o Valor, a PF também atribuiria ao ministro Ricardo Salles, outro alvo da operação, participação em condutas ilícitas envolvendo interesses de madeireiros. Estadão, Folha e O Globo também destacaram as conclusões parciais da PF.
Enquanto isso, a Procuradoria Geral da República (PGR), nas mãos do bolsonarista-de-plantão Augusto Aras, tentou uma manobra burocrática para retirar o processo relativo à Operação Akuanduba das mãos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Aras pediu que a relatoria fosse assumida pela ministra Cármen Lúcia, que é responsável por duas ações prévias que analisam o envolvimento de Salles com empresas madeireiras. Moraes rejeitou o pedido, sem deixar de esconder o desconforto com a proposta feita pela PGR. Nos bastidores do STF, a manobra de Aras foi vista como uma tentativa de tumultuar o inquérito contra Salles, além de ser uma resposta ao fato do Ministério Público Federal não ter sido consultado previamente pelo STF sobre a Operação Akuanduba. CNN Brasil, Estadão, Folha, Metrópoles, O Globo e Valor noticiaram a decisão de Moraes contra Aras.
Em tempo 1: Camila Zahur contou n’O Globo o caso da família Christofolli Parisenti, dona de propriedades rurais e alvo de diversos autos de infração ambiental por desmatamento ilegal, exploração de madeira sem autorização e ocupação ilícita de Terras Públicas. Mesmo com essa ficha corrida, a família foi beneficiada com mais de R$ 3,4 milhões em subsídios pagos entre 2014 e 2018, dados a título de “premiação” pela Companhia de Abastecimento Nacional (CONAB), do ministério da agricultura. Os Christofolli Parisenti também estão no centro da polêmica em torno da atuação de Salles para liberar cargas de madeira apreendidas pela PF no final do ano passado, que resultou na apresentação de uma notícia-crime contra o ministro no STF.
Em tempo 2: A senadora Katia Abreu (TO) pretende entregar uma relíquia de sua coleção particular ao ministro Salles – a “Motosserra de Ouro”, dada a ela pelo Greenpeace Brasil e por organizações indígenas durante a Conferência do Clima de Cancún (COP16), em 2010. “Eu mudei, estudei e hoje reconheço a importância do meio ambiente”, disse ela ao jornalista Ricardo Noblat, do Metrópoles. “Condeno o desmatamento e esse troféu motosserra e o apelido de Miss Desmatamento que me atribuíram agora são mais adequados ao Salles”. O Greenpeace ironizou a fala da senadora, dizendo no Twitter que “A corrida pelo prêmio está acirrada, Katia Abreu! O Salles está jogando para ganhar, forte candidato. Mas com o #PLdaGrilagem, seu filho, o Senador Irajá, está se esforçando para manter o troféu em família.”
Em tempo 3: O vice-presidente Mourão não gostou da ausência de Salles na reunião desta 4ª feira do Conselho da Amazônia, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Em conversa com a imprensa depois do encontro, Mourão disse lamentar “profundamente” a ausência do ministro, que teria sido convidado e sequer se deu ao trabalho de comparecer e nem de enviar um representante, e fechou com o seguinte comentário: “Da forma que eu fui criado, eu considero isso falta de educação”.
Fonte: ClimaInfo
Comentários