No dia em que o Brasil bateu um novo recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro tornou a reclamar do “clima de pavor” em torno da doença e a defender medicamentos ineficazes.
Entre a quarta-feira 7 e esta quinta-feira 8, o País contabilizou 4.249 óbitos provocados pelo novo coronavírus, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde.
Em transmissão ao vivo nas redes sociais ao lado do secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, o presidente insinuou que o comportamento das pessoas infectadas pelo vírus influencia no tratamento.
“Você tem dois gêmeos que adquirem o vírus no mesmo dia. Um está apavorado, o outro calmo, sabendo que tem de enfrentar o problema. Esse comportamento reflete na cura?”, questionou, dirigindo-se a Angotti, que respondeu: “Reflete, esse tipo de comportamento pode, sim, abalar o sistema imunológico. É como se tivesse menos recursos para enfrentar a doença com um quadro de tristeza, depressão, estresse”.
Ainda na live, Bolsonaro mostrou expectativa com uma nova medicação, a proxalutamida, dando a entender que se trata de mais uma aposta. “A vacina é para prevenir, mas uma vez com a Covid-19 as pessoas têm que procurar tratamento”, disse.
Hélio Angotti Neto afirmou que a medicação teria sido testada por pesquisadores de Manaus e se mostrado promissora.
No entanto, o secretário ressaltou que ainda não são conhecidos os resultados de outros testes científicos, conduzidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
O que se sabe até o momento é que a proxalutamida é um fármaco produzido para tratar cânceres de próstata e de mama. O medicamento é um bloqueador de hormônios masculinos (antiandrógeno) ainda em desenvolvimento.
Na transmissão, Bolsonaro ainda disse que o tratamento precoce teria influenciado a queda no registro de óbitos e na recuperação de pacientes em Chapecó (SC), onde esteve na quarta-feira 7.
A cidade elogiada pelo presidente, no entanto, apresenta taxa de mortalidade por Covid-19 superior à média nacional, segundo dados do município e do Ministério da Saúde. O município somou 541 óbitos pela doença desde o início da pandemia até a última terça-feira 6. A cidade do oeste catarinense tem 224.013 habitantes, de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Fonte: Carta Capital
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