Em entrevista à Folha de S. Paulo, Alexandre Saraiva, chefe da Polícia Federal do Amazonas, disse que o ataque de Ricardo Salles à maior apreensão de madeira da história do Brasil foi a primeira vez na qual ele viu um ministro do Meio Ambiente se manifestar de maneira contrária a uma ação que visa proteger a Floresta Amazônica: “É o mesmo que um ministro do Trabalho se manifestar contrariamente a uma operação contra o trabalho escravo”. E mandou um recado: “Aqui na Polícia Federal não vai passar boiada.”
Para quem não acompanhou a história: na 4a feira (31/03), Salles esteve no Pará e, em uma espécie de verificação da operação, apontou falhas na ação e chegou a dizer que há elementos para achar que as empresas investigadas estão com a razão. Nada que surpreenda o leitor do ClimaInfo, que há 27 meses acompanha o retrocesso ambiental promovido pelo “mentinistro”.
Com dez anos de experiência na Amazônia, Saraiva lembra outro efeito nefasto da exploração ilegal de madeira: ela inviabiliza a atividade legal. “É por isso que a madeira brasileira de alta qualidade está sendo vendida nos EUA a um preço de compensado, de pinus, e, na Europa, a preço de eucalipto”, explica.
Perguntado sobre a chantagem ministerial (cobrar US$ 1 bilhão para reduzir o desmatamento da Amazônia em 40%), Saraiva foi direto ao ponto: “Eu diria que a instituição mais importante de combate ao desmatamento da Amazônia é a Polícia Federal [Os fiscais do Ibama certamente discordam da opinião do policial]. E nunca recebeu um centavo do Fundo Amazônia. Acho que não preciso dizer mais nada.”
A Folha também repercutiu as declarações do vice-presidente Hamilton Mourão, que resolveu colocar lenha na fogueira, elogiando Saraiva e dizendo que as empresas precisam apresentar a documentação correta.
Fonte: ClimaInfo
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