No sábado passado, 13 de março, foi inagurado o projeto Cozinhas Solidárias no bairro da Brasilândia, na capital paulista, que, inicialmente, distribuirá, de terça a domingo, entre 12h e 13h, 100 refeições por dia para as pessoas mais atingidas pelos efeitos da pandemia da covid-19.
Mas não se trata de privilegio de São Paulo. Até o final de abril, serão 16 cozinhas nas periferias de outros nove estados – Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Alagoas, Ceará, Pernambuco, Roraima, Sergipe – além do Distrito Federal.
A campanha faz parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), por meio do Fundo Solidário aos Sem-Teto (mantido com doações virtuais), que há anos desenvolve ações para distribuição de marmitas a partir de cozinhas coletivas, e também de uma vaquinha online exclusiva.
Alimentos sem veneno
Um dos objetivos da campanha é garantir alimentação de qualidade por meio de produtos orgânicos.
Por isso, além da distribuição de refeições completas e balanceadas, o projeto ainda contempla o cultivo de hortas urbanas comunitárias nas periferias.
Essas hortas são responsáveis pelo fornecimento de alimento para as cozinhas solidárias e, sempre que possível, também integram doações para comunidades locais.
O projeto também contempla o fortalecimento de parcerias com agricultores familiares. A ideia é estabelecer contato com movimentos sociais do campo para que forneçam alimentos saudáveis.
Medidas de proteção
Como vivemos uma crise sanitária bastante preocupante, devido à explosão de casos e de mortes por Covid-19, as medidas básicas de prevenção indicadas pela Organização Mundial de Saúde são seguidas à risca.
Não há consumo local – os refeitórios estão fora da estrutura do projeto – e a organização está sendo feita de forma a evitar aglomerações, também na fila.
O uso de máscaras é obrigatório, principalmente pelas equipes responsáveis pela distribuição das refeições.
Segurança alimentar e combate à fome
As cozinhas comunitárias fazem parte do trabalho desenvolvido pelo MTST nas ocupações, que visa – paralelamente à “luta por moradia digna”- a adoção de políticas públicas que ajudem a conquistar a segurança alimentar.
Em geral, elas integram a primeira parte das instalações dentro de uma ocupação e representam a garantia de alimentação de diversas famílias diariamente, além de serem locais de sociabilização e de tomadas de decisão coletivas.
Com a suspensão do auxílio emergencial pelo governo federal, há três meses, a fome se intensificou novamente no cenário da pandemia. Essa decisão impactou cerca de 68 milhões de brasileiros, sendo que, 15 milhões voltaram à pobreza.
Caso o pagamento do auxílio seja retomado, o valor será muito inferior ao anterior, portanto insuficiente para assegurar a sobrevivência das famílias que dependem dele. Por isso, é tão importante que esta iniciativa se espalhe por algumas das periferias mais desassistidas do país.
O Estudo da Segurança Alimentar e da Fome no Mundo, da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) aponta que 2,5% dos brasileiros – ou 5 milhões de pessoas – estão desnutridos. O mesmo documento destaca que, em 2010, cerca de 4,9 milhões de brasileiros enfrentavam escassez de alimentos; hoje, são 5,2 milhões.
Note que tais dados são assustadores, mas anteriores à pandemia, o que impactou consideravelmente esse cenário.
Fonte: Conexão Planeta
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