As metrópoles do futuro vão ser cada vez mais quentes e as altas temperaturas vão afetar bilhões de pessoas. Pesquisas mostram que mesmo com o sucesso dos esforços de se reduzir drasticamente o uso de combustíveis fósseis, as temperaturas dos centros urbanos no final do século vai estar pelo menos 2°C acima das medidas atuais.
Caso a tendência atual de uso de combustíveis fósseis seja mantida, o que parece uma perspectiva mais realista, o aumento das temperaturas em cidades como São Paulo, Paris, Londres, Shangai, Bagdá, Lagos, Beijing e Filadélfia pode chegar a 4,4°C em 2100.
As cidades também têm tendência a ficarem mais secas, com as taxas de umidade relativa do ar caindo à medida que as temperaturas sobem. Quem afirma isso são cientistas americanos que usaram dados estatísticos e inteligência artificial pata traçar perspectivas para o futuro das cidades ainda neste século.
Esta pesquisa é literalmente vital para a humanidade, já que as cidades, apesar de cobrirem apenas 3% da superfície da Terra concentram mais de 50% da população. Até 2050, os grandes centros urbanos atuais e novos que estão surgindo vão abrigar 70% da humanidade.
Escala global
“Incorporar variantes climáticas de menor escala nos modelos de análise é fundamental para prever como vai ser o clima das cidades no futuro. Mas incluir essas variações em modelos de análise de escala global, ainda é um desafio”, explica Lei Zhao, engenheiro da Universidade americana Urbana-Champaign.
“AS CIDADES POSSUEM MUITAS SUPERFÍCIES DE CONCRETO E ASFALTO E RETÊM MUITO MAIS CALOR DO QUE SUPERFÍCIES NATURAIS, IMPACTANDO MUITOS PROCESSOS BIOLÓGICOS.”
Dr. Lei Zhao
Dr. Zhao e sua equipe publicaram um estudo no Nature Climate Change no qual combinaram uma série de simulações possíveis com dados estatísticos para criar um quadro geral, em escala global, do impacto do clima nos centros urbanos.
Os pesquisadores esclarecem que os resultados tratam de um panorama geral o que não inclui eventos extremos ou possíveis variações locais específicas.
No entanto, o alerta é claro: até 2100, os centros urbanos “vão experimentar o aquecimento mais acentuado já visto, durante o dia e durante a noite”.
O estudo destaca esta variação especialmente para cidades nas regiões central e norte dos Estados Unidos, região sul do Canadá, centro e leste da Europa, centro e sul da Ásia e norte e oeste da China. Na América do Sul, o aquecimento noturno nas cidades será mais intenso.
As cidades localizadas em altas altitudes no hemisfério norte terão um aumento de temperatura durante o inverno. Junto com o aumento das temperaturas, virá uma baixa na umidade relativa do ar durante verão em centros urbanos. Isso pode levar a quadros de calor graves, falta de água e instabilidade no fornecimento de energia.
Esta análise geral com previsões para o futuro dos centros urbanos já havia sido prevista em estudos anteriores sobre as consequências do calor extremo. O aumento de temperaturas de 1,9°C e 4,4°C já é suficientemente alarmante, mas traz também outros efeitos bastante negativos na economia, saúde pública e até taxas de mortalidade nas metrópoles.
Infraestrutura verde
O calor extremo está a caminho e pode ser muito perigoso. O calor aumenta o uso do ar condicionado, o que eleva o consume de energia. As ruas das cidades vão ficar especialmente quentes. Pesquisadores alertam que os maiores impactos serão sentidos nas metrópoles chinesas e no sul da Ásia. Até 2070, cerca de 3 bilhões de pessoas vão enfrentar um nível de calor considerado extremo nos dias de hoje – e que no momento afetam apenas um pequeno grupo de pessoas.
Para aliviar a onda de más notícias, um fator positivo é que com a queda da umidade, os níveis de evaporação nas superfícies das grandes cidades vai ser maior e isso pode ser um mecanismo de resfriamento eficiente em alguns casos. Sendo assim, o que cientistas chamam de infraestrutura verde pode oferecer uma ajuda muito importante: parques e áreas verdes podem se tornar florestas urbanas, e as árvores e jardins terão uma importância cada vez maior nas metrópoles. “Nossas descobertas destacam a importância vital de áreas urbanas que ajudem a melhorar o clima”, reforça Dr. Zhao.
“ESTE ESTUDO FORNECE BASES CIENTÍFICAS PARA QUE URBANISTAS FOQUEM SUAS ATENÇÕES NO DESENVOLVIMENTO DE INFRAESTRUTURA E INTERVENÇÕES VERDES PARA REDUZIR O AQUECIMENTO DAS CIDADES EM LARGA ESCALA.”
Dr. Leo Zhao
Fonte: CicloVivo
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