Em pleno Arco do Desmatamento, pesquisadores descobriram uma nova espécie de marsupial na Amazônia. A área de ocorrência do animal, que coincide exatamente com a região mais pressionada do bioma, vai do norte de Mato Grosso ao sul do Pará, o que pode significar que a espécie já está sob forte ameaça. O marsupial foi batizado de Marmosops marina, uma homenagem à Marina Silva. Pequeno como a ex-ministra do Meio Ambiente, o animal mede até 13 centímetros e pesa não mais do que 32 gramas.
A pesquisa foi desenvolvida pela bióloga Claudilívia Ferreira dos Santos, do Laboratório de Mastozoologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A descoberta foi descrita em artigo publicado no periódico científico Zootaxa e é assinado por outros três pesquisadores: Luan Gabriel Lima-Silva e Rogério Vieira Rossi, ambos da UFMT; e Ana Cristina Mendes de Oliveira, da Universidade Federal do Pará.
“A nova espécie Marmosops marina ocorre ao sul do rio Amazonas, na bacia do rio Tapajós, incluindo os rios Teles Pires e Juruena que são constantemente ameaçados pelo garimpo ilegal e construções de usinas hidrelétricas. A espécie ocorre, portanto, na região norte do Mato Grosso e sul do Pará, coincidindo com o arco do desmatamento, que é a região de fronteira agrícola do país que mais sofre com desmatamento ilegal”, alerta a pesquisadora Claudilívia Ferreira sobre possíveis ameaças antrópicas ao recém-descoberto marsupial.
É uma espécie que se locomove sobre os ramos das árvores, assim como por cipós e pelo chão. Os cientistas acreditam que sua alimentação é composta de insetos e frutas, assim como de outras espécies do mesmo gênero que são próximas a ela, para as quais já existem estudos de dieta.
De acordo com a bióloga, a homenagem à Marina Silva é um reconhecimento pelo trabalho que ela desempenhou à frente do Ministério do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, época em que o desmatamento na Amazônia registrou os menores índices em sua série histórica. “E o Brasil assumiu posição de destaque em preservação ambiental, pela valorização da ciência e comprometimento com a conservação da flora, fauna, cultura e seus povos da Amazônia”, lembra Claudilívia.
A agraciada, Marina Silva, se pronunciou através de sua conta pessoal no Twitter, onde postou uma foto do animal e disse estar emocionada com o batismo do marsupial. “Nasci e cresci na floresta e tenho dedicado minha vida à defesa da natureza e à luta por um modo de desenvolvimento humano baseado no respeito ao meio ambiente. Uma homenagem dessas representa, para mim, o reconhecimento de minha identidade e de meu trabalho”, escreveu Marina.
Ela aproveitou para ressaltar os desafios enfrentados atualmente por pesquisadores e por aqueles envolvidos na conservação da natureza. “Acho que esses bons amigos percebem que também reconheço a importância do trabalho que fazem e sou solidária nas dificuldades (e até perseguições) que eles enfrentam. (…) É revoltante que o governo desse país corte as verbas, enfraqueça as instituições e coloque crescentes dificuldades aos seus cientistas e pesquisadores”, criticou.
A ex-ministra brincou ainda que se identificou com o Marmosops marina. “E até confesso que me identifiquei pessoalmente com esse marsupial, pequeno, magrinho e de olheiras escuras, pesquisado pela equipe de Mato Grosso. Por isso agradeço, sensibilizada, esse verdadeiro presente no mês do Natal”, escreveu.
Não é a primeira vez que Marina Silva é homenageada por cientistas em suas descobertas. Ela também inspirou pesquisadores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro a dar o nome a uma espécie vegetal, a Pleroma marinana, descrita em 2014.
Fonte: O Eco
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