Se o mundo quiser conter o aquecimento global em no máximo 1,5oC até o final deste século, a produção de combustíveis fósseis precisa diminuir em pelo menos em 6% ao ano. No entanto, a sinalização dada pelos países vai no sentido contrário, com planos para a ampliação da produção. Caso estes planos saiam do papel e virem carbono na atmosfera, o esforço contra a crise climática pode se tornar ainda mais hercúleo.
O alerta é do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), e veio ontem na nova edição do Relatório sobre a Lacuna de Produção (Production Gap) divulgada ontem (2/12). O relatório lançado anualmente mede a diferença entre as metas do Acordo de Paris e os planos de produção de carvão, petróleo e gás existentes. Segundo a análise, a diferença permanece grande e tende a aumentar, já que os governos planejam, até 2030, produzir combustíveis fósseis em um volume maior do que o dobro do que seria permitido para a viabilização da meta climática do Acordo de Paris.
Neste ano, o relatório analisou também as implicações da pandemia de COVID-19 e das medidas de estímulo e recuperação dos governos na produção de petróleo, carvão e gás. De imediato, o desaquecimento da economia global causou uma queda na produção desses combustíveis; entretanto, os planos pré-pandemia e as políticas de retomada econômica pós-pandemia sinalizam um aumento da produção nos próximos anos. Os governos do G20 comprometeram mais de US$ 230 bilhões de pacotes de incentivos para setores econômicos responsáveis pela produção e consumo de energia fóssil, bem acima dos US$ 150 bilhões investidos por esses países em energia limpa.
As principais conclusões do relatório foram destacadas por AFP, Climate Home, CNN, Guardian e Reuters, entre outros.
Fonte: ClimaInfo
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