A maior taxa de desmatamento na Amazônia em 12 anos, registrada pelo sistema PRODES do INPE entre agosto de 2019 e julho de 2020, foi “menos pior” do que o previsto. Esta foi a desculpa levantada por Mourão em conversa com jornalistas ontem (1º/12). Questionado sobre a escalada da destruição florestal , o vice-presidente afirmou que a expectativa do governo era de um aumento de 20% em relação aos 12 meses anteriores – segundo o PRODES, o aumento foi de 9,6%. Mourão também especulou que o desmatamento mensal monitorado pelo sistema DETER, também do INPE, pode ter caído em 50% em novembro na comparação com o mesmo mês no ano passado – até o dia 20, o DETER estimou alertas de desmatamento que totalizavam 209,73 km2, abaixo dos 276,85 km2 registrados em novembro de 2019, mas ainda com dez dias de dados a serem incluídos.
No Valor, Daniela Chiaretti ouviu a opinião de especialistas sobre os dados do PRODES. O diagnóstico foi consensual: com a maior alta do desmatamento desde 2008, o Brasil deve entrar 2021 debaixo de mais pressão interna e externa para conseguir responder à crise instalada pela gestão Salles na política ambiental brasileira. Falando no dito-cujo, sua ausência no anúncio do PRODES é sintomática do desmonte promovido por ele no ministério do meio ambiente. Como bem colocou Ana Carolina Amaral na Folha, Salles até pode ter escapado de mais um episódio constrangedor, mas seu poder dentro do governo está intacto e a agenda de destruição segue a todo vapor. Aliás, até mesmo os militares, que vêm servindo como bucha de canhão do governo Bolsonaro na Amazônia, parecem estar perdendo a paciência com essa situação, segundo Míriam Leitão em O Globo.
As desculpas de Mourão foram repercutidas por Estadão, G1, Metrópoles, Reuters e Valor, entre outros.
Fonte: ClimaInfo
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