Para boa parte do mundo, a eleição de Joe Biden como novo presidente dos EUA foi um alívio tremendo. Depois de quatro anos de negacionismo estóico de Donald Trump na agenda global sobre clima, a maior potência do planeta está prestes a retornar às mesas de negociação, com o retorno do país ao Acordo de Paris.
O Guardian destacou a reação empolgada de líderes políticos das pequenas nações insulares do Pacífico, que estão entre os locais mais ameaçados pela mudança do clima em todo o mundo. O primeiro-ministro de Fiji, Frank Bainimarama, convidou o democrata a participar do Fórum das Ilhas do Pacífico, previsto para agosto de 2021 em Suva. Lideranças da Papua Nova Guiné, Ilhas Cook, Guam e da Nova Zelândia também celebraram a vitória de Biden. Na Europa, o ânimo também melhorou bastante. Frustrados com a retórica pouco cooperativa de Trump nos últimos anos, líderes como Emmanuel Macron e Angela Merkel esperam ansiosos pelo novo governo norte-americano para recuperar as relações transatlânticas. Associated Press, Bloomberg e Financial Times repercutiram as reações positivas e especularam sobre os efeitos imediatos de um governo Biden nas negociações multilaterais sobre clima.
Já dentro dos EUA, os diagnósticos são mistos. Por um lado, como Daniela Chiaretti assinalou no Valor, a nova Casa Branca deve tocar adiante sua agenda climática mesmo sem o apoio do Senado, onde os democratas têm poucas chances de obter a maioria das cadeiras. Nesse sentido, Biden pode imitar Trump e usar decretos executivos para desfazer a desregulamentação feita pelo atual governo, recuperando regras criadas pelo governo Obama e abandonadas nos últimos quatro anos. Por outro, como pontuou David Wallace-Wells na New York Magazine, a margem de Biden para medidas climáticas mais ambiciosas cai por terra sem o Senado, especialmente se considerarmos a sólida maioria conservadora que será deixada por Trump na Suprema Corte dos EUA.
Fonte: ClimaInfo
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