Diferentes países do mundo foram capazes de transformar suas economias tradicionalmente exportadoras de produtos da floresta e da agricultura fazendo bom uso da inovação tecnológica, de suas posições geográficas estratégicas e de fortes investimentos em educação, e a Amazônia pode aprender muito com essas experiências e mudar sua realidade em alguns anos.
Esse é o convite de um dos maiores especialistas do mundo em inovação, Soumitra Dutta. Para o pesquisador, professor da Universidade de Cornell e da escola de negócios INSEAD, a história recente da Finlândia, de Singapura, da Coreia do Sul e de Israel são referências para que governos e o setor produtivo façam da inovação e dos investimentos em ciência e tecnologia caminhos eficientes para o desenvolvimento sustentável.
Dutta foi um dos participantes do primeiro dia do Fórum Mundial Amazônia+21, iniciativa que visa mapear perspectivas e buscar soluções para temas relacionados ao desenvolvimento da região e melhoria da qualidade de vida dos mais de 23 milhões de cidadãos que vivem na Amazônia Legal
Educação para o século 21
Para gerar riqueza a partir da ciência aplicada ao bioma amazônico, a educação é fundamental. E é preciso ser capaz de oferecer às crianças, adolescentes e jovens uma educação para o desenvolvimento sustentável da região, que congregue os conhecimentos ancestrais dos povos tradicionais, da cultura amazônica com o que há de mais avançado em ciência, para a formação para a cidadania e o desenvolvimento de habilidades essenciais a uma bioeconomia para o século 21, que ajude a conhecer, compreender o bioma e gerar riqueza a partir da floresta.
O especialista em empregos verdes, Paulo Sérgio Muçouçah, chamou a atenção para a urgência da introdução de novos paradigmas educacionais que dialoguem com a concepção de desenvolvimento sustentável.
“Não vamos ter desenvolvimento sustentável usando profissionais que foram formados dentro de outra concepção de desenvolvimento. Precisamos de profissionais que tenham sido formados em princípios básicos de desenvolvimento sustentável”, decretou Muçouçah.
O consultor em educação Cláudio Moura e Castro reforçou a importância da educação formal e profissional para que se criem novos modelos de agreonegócios na Amazônia, que sejam sustentáveis, que respeitem e lidem com o ambiente em torno da floresta.
Referência na área educacional no Brasil, Cláudia Costin destacou que o Brasil não educa suas crianças e jovens para os desafios da região amazônica e como o Brasil pode ser mais capaz de desenvolver e, ao mesmo tempo, conservar a região, como querem os brasileiros, segundo pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O levantamento feito junto a 2 mil brasileiros e divulgado nesta útima terça-feira mostra que 8 em cada 10 brasileiros acreditam que o país é capaz de explorar a floresta de forma inteligente, preservando seus recursos naturais.
Os três participaram de uma mesa do Fórum dedicada a debater educação e a formação profissional para o desenvolvimento da Amazônia. Participaram ainda do debate a consultora educacional Flávia Valente e o diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi.
O papel da propriedade intelectual no desenvolvimento amazônico
Na esteira da sugestão do especialista em inovação Soumatri Dutta, o Fórum Amazônia + 21 também debateu mecanismos de valorização de negócios inovadores na Amazônia e a propriedade intelectual.
Representante da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa de Rondônia (Fapero), Leandro Moreira Dill ressaltou a necessidade de que novas tecnologias possam ser transformadas em novos negócios, mais sustentáveis e mais adequados às especificidades da Amazônia. “Quando comparados o que há de políticas regionais e o que diz as políticas nacionais de ciência e inovação, vemos que há muitos desencontros e os pesquisadores da região têm dificuldade de acesso a recursos federais para promover pesquisa de ponta”, explica o pesquisador.
Ao falar sobre a segurança jurídica trazida pelas patentes, o pesquisador do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Douglas Santos, contou que desde 2012 mais de 400 pedidos de patentes verdes foram aprovados pelo órgão. Mas muitsa dessas tecnologias foram geradas sobretudo no Sul e no Sudeste e poucas se convertem em negócios sustentáveis, segundo Santos.
A mesa sobre negócios inovadores contou ainda com a participação da pesquisadora da Agência de Inovação Tecnológica da Universidade Federal do Pará (Universitec), Magáli Coelho.
É preciso dialogar com o mundo
A tarde do primeiro dia do Fórum Amazônia+21 começou com o lançamento do Fórum de Cidades Pan-Amazônicas, iniciativa que tem como objetivo promover a troca de conhecimento, experiências e boas práticas entre os municípios que estão inseridos no bioma amazônico. O Fórum de Cidades Pan-Amazônicas é uma iniciativa Iclei América do Sul e da empresa Way Carbon, apoiada pela Fundação Konrad Adnauer, por meio do Programa Regional de Segurança Energética e Mudanças Climáticas na América Latina – EKLA.
O destaque do painel ficou com a participação dos prefeitos de Manaus, Arthur Virgílio, e do prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves. “Precisamos dialogar com o mundo”, defendeu Virgílio. “Temos que buscar novas visões, novos diálogos para proporcionarmos uma vida melhor a nossa população”, convidou Chaves.
Representando a cidade de Moyobamba, na Amazônia peruana, Robert Rachel Pascual Gabriel, representante da prefeitura local compartilhou a experiência do município para garantir mais e melhores serviços básicos a seus cidadãos e mais políticas ambientais, como acesso à água limpa e gestão de resíduos sólidos.
Também participou do debate a representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Denise Hamú.
Acompanhe o Fórum Amazônia+21
O Fórum Amazônia+21 segue com a programação nesta quinta-feira (5), a partir das 8h30, com a mesa “Amazônia 4.0 – Uma revolução nos modelos de negócios para a geração de riquezas”.
O Fórum é uma iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero), Agência de Desenvolvimento de Porto Velho e Prefeitura de Porto Velho, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Governo do Estado de Rondônia.
Fonte: CNI
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