Mais um capítulo da novela em torno do acordo comercial Mercosul-União Europeia, avinagrado pelas críticas de governos europeus à devastação ambiental no Brasil. De acordo com o The Guardian, negociadores da Comissão Europeia estão trabalhando com representantes do governo Bolsonaro para adicionar novas provisões ambientais ao tratado, em uma tentativa de aplacar a oposição declarada de países como França, Áustria e Irlanda, que rejeitam a ratificação do texto, justificando a questão ambiental como impedimento.
O novo comissário da UE para comércio, Valdis Dombrovskis, reconheceu que a aprovação do acordo no curto prazo é improvável, mas defendeu que este siga na agenda do bloco.
No Globo Rural, o embaixador Rubens Barbosa e o ex-ministro Roberto Rodrigues reforçaram que, sem compromissos ambientais adicionais – e efetivos – por parte do Brasil, dificilmente o acordo com a UE irá para frente. Segundo Barbosa, a falta de avanço prático no tema, depois de meses de críticas e pressão internacional sobre o país, azeda ainda mais o mau humor externo com Brasília.
Esta impressão não foge ao radar do Itamaraty: o Valor citou o diretor do departamento de promoção do agronegócio da pasta, Alexandre Ghisleni, quem afirmou que as críticas internacionais seguirão na pauta de investidores e governos estrangeiros com o Brasil. Ghisleni indicou também que a má-fama já atrapalha os interesses nacionais.
Em tempo: Para o HuffPost, o teste de fogo da diplomacia climática de Joe Biden, caso vença a disputa contra Trump no dia 3 de novembro, não será a China ou a União Europeia – mas sim o Brasil. Não é à toa que o país vem sendo citado repetidas vezes por Biden quando questionado sobre mudança do clima. Isso levanta dúvidas em Washington e em Brasília sobre o peso que essa questão poderá ter no relacionamento bilateral: se Biden colocar mesmo o clima no centro da agenda externa dos EUA, o governo Bolsonaro pode perder muito mais do que um simples presidente amigo na Casa Branca.
Fonte: ClimaInfo
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