Aqui, no nosso quintal, está a cura de todas as moléstias que atormentam a Humanidade. Por que não destravar essa burocracia e intrigas, para fazer nascer na Amazônia uma Bioeconomia pujante.
Atento às movimentações do tabuleiro federal, o presidente Antônio Silva, da FIEAM, recebeu o editor do portal BrasilAmazoniaAgora para uma conversa sobre a nova gestão da Suframa, entregue ao general de Brigada Algacir Polsin, que dirigia a Quinta Região Militar em Manaus. Como se sabe, passa pela Superintendência da Zona Franca de Manaus, 80% da economia do Amazonas, e a tarefa de promover o desenvolvimento de toda Amazônia Ocidental, mais o Estado do Amapá. Na prática, um poder quase equivalente ao mandato governamental do Amazonas, o maior estado da Federação, e capaz de remover ou instalar novos polos de desenvolvimento na região, como o desejado polo de Bioeconomia. Confira entrevista por Alfredo Lopes
1. BrasilAmazoniaAgora – Qual é a expectativa do setor privado em relação a nova gestão da SUFRAMA?
Antonio Silva: O general Algacir Polsin é alguém muito próximo ao cotidiano da indústria do Amazonas. Na verdade ele tem sido um consultor informal na medida em que acompanha as idas e vindas das pressões em cima de nossa economia. Nesse contexto, sua indicação não poderia ter chegado em melhor hora, após a saída do Cel. Menezes, para dar sequencia aos avanços conquistados pela autarquia. Não podemos esquecer que o Programa Zona Franca de Manaus, o maior acerto da politica fiscal na história da República, foi iniciativa do Governo das Forças Armadas, a instituição mais estimada e respeitada pelas populações da Amazônia. Certamente, a gestão do novo superintendente vai ampliar o trabalho de resgate da autonomia da Suframa. E isso é o que mais precisamos.
2. BAA – Entre esses avanços, quais você destaca dentro da ordem de prioridades do setor produtivo?
A.S. – Precisamos dar sequência aos desembaraços do PPB, o entrave burocrático dos Processos Produtivos Básicos. Historicamente, esses PPBs ultrapassam os prazos de 120 dias, que foram reduzidos para 60 na gestão Menezes. Chegaram a embargar durante 7, 10, 12 anos para autorizar início da fabricação de novos produtos. OPPB é uma inaceitável imoralidade se considerarmos que a Constituição Brasileira veta apenas a manufatura de 5 tipos de produtos no âmbito da Suframa. Além disso, uma Suframa autônoma significa “…mais Brasil menos Brasília”, como quer o presidente Bolsonaro. Ou seja, o Conselho da Suframa é ou deveria ser lócus sagrado de definição de nossas prioridades e interesses regionais.
3. BAA – Um dos compromissos já assumidos pelo superintendente Polsin é destravar o Centro de Biotecnologia da Amazônia, CBA, um projeto saído das expectativas regionais que ainda não decolou. Na sua opinião, dessa vez destrava? Em que medida o setor privado pode ajudar o cumprimento desta promessa?
A.S. – O CBA é o embrião de nosso inadiável Polo de Bioeconomia, uma iniciativa que temos orgulho de ter financiado e o constrangimento de vê-lo deixado pelo caminho após duas décadas de embromação. Os ministérios se engalfinharam desde o final dos anos 90 pela posse e gestão desta tão aguardada e frustrada iniciativa. O CBA deverá atender as biodemandas de nossa economia. Precisamos de fibras, resinas, biomoléculas para uma nova indústria, a bioindústria, que vai adensar, diversificar e interiorizar os benefícios do Polo Industrial de Manaus. E não pertence a ministério X ou Y. O CBA é um patrimônio da Amazônia, para gerar emprego, oportunidades e prosperidade regional para os habitantes desta região, como determina a Constituição Federal, ao nos conceder 8% de contrapartida fiscal. Certamente, ele ampliará, também, os postos de trabalho de que o Brasil precisa.
4. BAA – Surgiu no âmbito da Suframa a ideia, no contexto do CBA, de criar o Polo Industrial da Saúde, com o financiamento de pesquisas para produção de medicamentos para doenças tropicais. Como as empresas receberam esta iniciativa?
A.S. Esta é uma das vertentes do que chamávamos de Polo de Bioindústria. Só para ilustrar, é importante lembrar que a quina, a partir da qual surgiu a cloroquina e a hidroxicloroquina, é um insumo vegetal da Amazônia, usado pelos europeus para enfrentar a Malária. A fabricante desses medicamentos, a suíça Novartis, que tem uma cidade de Biotecnologia em Cingapura, foi expulsa do país, mais precisamente, de Manaus, há quase 20 anos, por causa de futricas de grupos políticos. Uma doença que precisamos debelar. Aqui, no nosso quintal, está a cura de todas as moléstias que atormentam a Humanidade. Por que não destravar essa burocracia e intrigas, para fazer nascer na Amazônia uma Bioeconomia pujante, plena de respostas para as moléstias, para o rejuvenescimento de nossos idosos e para uma alimentação integral para assegurar saúde e bem-estar para todas as pessoas. Desejamos muito sucesso ao novo gestor da Suframa, para quem nos colocamos à disposição sempre e quando estiverem em jogo os interesses da Amazônia e sua integração ao Brasil.
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