Manaus, a capital da Amazônia, vive uma tragédia. Com cerca de dois milhões de habitantes, a cidade foi a primeira do país a entrar em colapso por conta do novo coronavírus. Hospitais estão lotados, não há mais leitos de UTI, e um número crescente de pessoas está morrendo em suas casas por falta de atendimento.
Apenas no mês de abril, mais de 2 mil pessoas morreram em Manaus, um aumento de mais de 300% sobre os números históricos de morte na cidade em tempos de normalidade. A expectativa do governo local é que neste mês o número cresça ainda mais e possa ultrapassar 4 mil mortes. Mais de 30% desses óbitos acontecem em casa, porque as pessoas não conseguem atendimentos nos hospitais ou têm medo de ir até eles e se contaminarem.
O ministro da Saúde, Nelson Teich, viajou ontem a Manaus e anunciou a contratação de 267 profissionais de saúde para atuar no Amazonas. O estado tem 6.683 casos confirmados e 548 óbitos reconhecidos por Covid-19 segundo o último balanço do ministério, divulgado ontem.
As autoridades locais, porém, reconhecem que a situação é muito pior, já que os poucos testes disponíveis são aplicados apenas em pacientes em estado grave, que conseguiram atendimento nos hospitais. Nem os profissionais de saúde passam por exames. Ontem, dois aviões da Força Aérea Brasileira levaram à capital amazonense equipamentos de proteção individual e outros materiais de saúde.
Segundo a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), 60,93% dos casos de coronavírus confirmados no estado ocorreram em Manaus. Mesmo diante do cenário calamitoso, parte da população tem descumprido o decreto de isolamento social e não usa máscaras ao sair de casa.
— Temos algumas reivindicações, como tecidos para roupas especiais para o pessoal do Samu, que estavam expostos — disse o prefeito Arthur Virgílio Neto em entrevista à Globonews. — Manaus mudou sua face. Tem havido uma adesão boa ao uso de máscaras nos coletivos e ônibus. Mas ainda há comércio funcionando. Vou precisar de ajuda da Polícia Militar para fechar esses estabelecimentos.
Fonte: O Globo
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