Entrevista com Antônio Silva, presidente da FIEAM
“Resta-nos assegurar vez e voz a quem aqui trabalha, gera empregos e oportunidades como nenhuma modalidade fiscal de desenvolvimento regional na História da República”.
Antônio Silva é o dirigente da FIEAM (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), e como tal está inserido nas discussões da nova política fiscal e industrial do Brasil. Sabe como poucos as dificuldades de interlocução deste Brasil que não conhece o Brasil, e muitas vezes mostra desinteresse em conhecer. Mesmo assim defende o entendimento e aposta em algumas parcerias com aliados verdadeiramente comprometidos com nossa economia e direitos. Confira a entrevista.
—— por Alfredo Lopes —–
1. BrasilAmazoniaAgora – Qual é sua avaliação sobre o momento político e os riscos de esvaziamento da Zona Franca de Manaus?
Antônio Silva: Temos ido frequentemente a Brasília e acompanhado as movimentações e pressões contra nossa Economia, sobretudo por parte daqueles que se esquivam de discutir as razões de sua necessidade e os benefícios que oferecemos à região e ao Brasil. Vamos continuar fazendo o dever de casa e confiar na classe política que tem dado provas de envolvimento e dedicação intensa aos rumos do debate e negociação. Por isso, apostamos na classe política, temos razões para isso. A nova bancada federal se inseriu rapidamente nas Comissões estratégicas do Congresso. Estamos vendo um trabalho afinado, determinado, cívico e voltado para nossa terra. Isso nos dá alento e nos levará à conquista de nossos direitos.
2. BrasilAmazoniaAgora – O que você quer dizer com as “…as pressões contra nossa Economia”?
Antônio Silva: Quem nos conhece, já visitou a região, percorreu algumas indústrias do Polo Industrial de Manaus e sabe dos benefícios para o interior, consegue alcançar o significado deste Programa de Desenvolvimento chamado Zona Franca de Manaus. Entretanto, a RFB nos impôs autuações vultosas, emitindo novos autos de infração lavrados sobre questões com jurisprudência em nosso favor. A pressão maior, contudo, é a insegurança jurídica, que chega ao limite de recusar direitos de uma sentença já transitado em julgado.
3. BrasilAmazoniaAgora – Isso significa que o clima de entendimento está sob trovoadas?
Antônio Silva – Não nos interessa qualquer tipo de conflito. Neste momento para resguardar direitos o único caminho é o entendimento. Recorrer à Corte Suprema para acionar a República é solução limite. E temos razões para apostar no entendimento. Temos apoios significativos no núcleo de poder. A nova gestão da Suframa é um exemplo. Em pouco tempo muitas mudanças a nosso favor. Veja o exemplo dos PPBs, os processos produtivos que estavam travados, alguns há 7 anos, dependendo de aprovação. Isso está mudando e vai nos ajudar muito a adensar o Polo Industrial de Manaus. A autonomia da Suframa aos poucos é resgatada e isso é bom pra todo mundo.
4. BrasilAmazoniaAgora – Na sua opinião o otimismo com a Economia está abalado?
Antônio Silva: Terminamos o primeiro ano do novo governo com forte dose de euforia, especialmente, no desempenho de alguns segmentos industriais, a Reforma da Previdência, a redução na taxa de juros, o aumento nas vagas de emprego. Entretanto, a alta do dólar, os estragos nas relações comerciais do Coronavírus e os impactos na produção do Polo Industrial de Manaus, a insegurança jurídica… são fatores que afastam os novos investimentos e desestimula quem apostou nos contratos com a União. As regras do jogo mudam no meio da disputa. Quem resiste acessa incerteza?
5. BrasilAmazoniaAgora – Qual a saída, mudar para o Uruguai?
Antônio Silva: Isso não está em pauta porque nós acreditamos no entendimento. Sempre há uma saída quando trabalhamos com espírito de brasilidade. Nosso dever de casa é prestar contas ao contribuinte. Dizer o que fazemos pela região, nosso jeito de proteger a floresta e nossa capacidade de gerar empregos. São quase meio milhão, segundo o IBGE pelo Brasil afora. Vemos com bons olhos a instalação do Conselho da Amazônia e a Secretaria de Meio Ambiente. Ambas sinalizam o compromisso de menos Brasília e mais Brasil. Resta-nos assegurar vez e voz a quem aqui trabalha, gera empregos e oportunidades como nenhuma modalidade fiscal de desenvolvimento regional na História da República.
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