Ainda não é hora do já ganhou nessa disputa obscura, por parte de alguns atores, para gerir o CBA (Centro de Biotecnologia da Amazônia). Há muita água a correr debaixo da ponte e muitas estórias (sem Agá) a serem esclarecidas. Essa aliança para a Bioeconomia da Amazônia, que já se ufana de ser a nova gestora do CBA, terá R$ 11,5 milhões por ano do Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) para desenvolver pesquisas. Faltou ao superintendente da FAS (Fundação Amazonas Sustentável), Virgílio Viana, ler o Relatório 8/2018-SEI-Coneg/DETIN/SIN, onde consta o ‘Resultado preliminar de seleção de pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, e entidade privada sem fins lucrativos, interessada em se qualificar como organização social e celebrar contrato de gestão que tenha por objetivo o gerenciamento do CBA’. Se é preliminar não é conclusivo, portanto, não se presta ao clima da vitória inventada, para tentar influir no ânimo dos avaliadores.
Eis algumas questões: se as regras da disputa determinam que os candidatos sejam “… pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, ou entidade privada sem fins lucrativos”, o que estão fazendo na festa fake, que anunciou a vitória da FAS, o reitor da Ufam Universidade Federal do Amazonas) e o representante da UEA (Universidade do Estado do Amazonas), como supostos integrantes da Aliança Abio? Será que os tais apoiadores sabem em que baile estão se metendo ou foram metidos? Será que os magníficos estão conscientes de que os patrocinadores desta festa imodesta são as empresas do Polo Industrial de Manaus, cujas entidades, sequer, foram chamadas para a tertúlia aloprada?
Ora, a avaliação está em curso e os novos tempos que se avizinham não comportam jogadas com cartas marcadas nem o mínimo de compromisso com a transparência. Essas artimanhas não se ajustam às expectativas do cidadão comum, que já não suporta a manobra franciscana do “…é dando que se recebe”.
Antes de abocanhar mais uma vez o patrimônio alheio, cumpre recorrer ao velho e excelente expediente que cassou um presidente dos Estados Unidos – Follow the money – e esclarecer quando se dará o pagamento das oficinas de marcenaria e prelazia do Alto Solimões, ou a estória sombria dos R$20 milhões (‘doados?’) por um grande banco que se debulhou nas vantagens de ter a conta-salário do governo do Amazonas por mais tempo que a Lei permite. E tudo isso, para ‘alavancar’ uma entidade não-governamental estribada essencialmente nos cofres públicos. O Amazonas vai devolver cada centavo ao tal banco.
Os municípios ao longo do traçado do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, até hoje aguardam as verbas de compensação socioambiental pagas pela Petrobras, que nunca chegaram a seu destino. E por que, uma entidade que se denomina Amazonas Sustentável sustenta, com a maior parte de sua verba, uma representação dessa entidade na capital paulista?
É pouco ou é muito R$ 11,5 milhões para fazer pesquisas? Ora, o CBA não foi criado para fazer pesquisas, isso é tarefa das universidades e institutos regionais. O CBA é um centro de bionegócios que precisa, necessariamente, ter um pé no mercado, atender às demandas de protocolos, testes de propriedades e de substâncias da biodiversidade de quem quer empreender. Para tanto, quem se dispuser a gerir o CBA há que se manter em interlocução permanente com os atores do setor produtivo, ouvir-lhe as demandas e sugestões e, principalmente, que os novos gestores tenham espírito público, ajam com transparência e denotem compromisso com o estado e com os direitos elementares da cidadania, aquela que ocupa ou deveria ocupar o andor das prioridades da movimentação pública.
Não poderia concordar mais.