Em Manaus, nesta quarta-feira, 29, se materializa uma reflexão extremamente relevante sobre a Gestão da Amazônia: o I AMAS – Amazonian Management Conference, promovida pela parceria entre a USP (Universidade de São Paulo) e a UEA (Universidade do Estado do Amazonas), uma entidade do Estado mais rico do Brasil e outra do maior Estado em dimensões geográficas. E ainda: o mais privilegiado em termos de biooportunidades.
A conferência se inspira nas origens regionais dos grandes gestores da região, a partir dos anos 20, com a quebra do Ciclo da Borracha. Os protagonistas fundamentais dessa empreitada, seus pioneiros e empreendedores, vindos de todos os quadrantes do Brasil e do mundo, se uniram para fazer da Amazônia um futuro comum, sobretudo depois da tal depressão econômica, e movidos por uma empolgação coletiva para inaugurar uma nova relação proveitosa entre desenvolvimento e meio ambiente.
Refletir sobre Gestão da Amazônia à luz do acervo monumental de sua biodiversidade retomando a experiência dos pioneiros é uma forma de questionar a recusa aos convites insistentes da floresta em se apresentar como motor da expansão, diversificação e regionalização da experiência exitosa do Polo Industrial de Manaus, promovendo a integração e uma nova roupagem econômica amazônica que compatibiliza ecologia, prosperidade e desenvolvimento regional. E se não formos capazes de recuar no tempo para entender o tempo presente, não seremos capazes de promover a gestão inteligente, integral e integrada deste patrimônio.
Levaram e trouxeram as mais variadas espécies florestais desde os fenícios, importante destacar que, além da Hevea, os viajantes europeus e suas expedições ditas científicas na Amazônia levaram cacau, milho, batata, tabaco, abacaxi, caju, goiaba, maracujá, mandioca, macaxeira, açaí, guaraná, pupunha, além de quinino, cinchona, ipeca, jaborandi, capim-santo. Muitas dessas espécies voltaram com valor agregado, em forma de alimentos e medicamentos beneficiados pela indústria estrangeira. Por outro lado, trouxemos para a Amazônia brasileira e para biomas dos países da América tropical grande variedade de produtos da Ásia e da África, tais como manga, jaca, café, arroz, cana-de-açúcar, banana, entre outros, geradores de economia em escala e commodities lucrativas do agronegócio.
O que importa, nessa reciprocidade de biodiversidade, é identificar quem fez o dever de casa e agregou inovação e valor a esses produtos, e o investimento em inovação e desenvolvimento que este ou aquele país ou cultura aplicaram em cada um desses itens do bioma natural. Resta comparar as métricas de seus resultados. É importante revisitar alguns lugares comuns da história da agro e da bioindústria para trazer à luz acertos e negligências, atitudes proativas ou condutas de indiferença e omissão. É nesse contexto que se deve refletir sobre a economia do látex e, a partir dela, a história do desenvolvimento da Amazônia, e as promessas que nos espreitam.
Para o empresário e intelectual Augusto Rocha, conferencista da I AMAS, a esperança de todos é que sejamos capazes de plantar sementes para um futuro desenvolvido da região, com o início de uma troca ideias, intuições e de prioridade, onde o norte de todos seja desenvolver e gerar riqueza a partir do potencial que existe. A minha proposta é que cada região amazônica escolha cinco produtos para juntar em torno deles as mentes brilhantes do mundo da ciência e empresarial para produzir aqui esta riqueza. Isso é importante para os seres humanos, ou haverá mais utopia mais atraente para perseguir?
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