Pesquisadores da Embrapa Instrumentação, São Carlos-SP, desenvolveram películas comestíveis de diferentes alimentos como espinafre, mamão, goiaba, tomate e que podem utilizar diversos insumos amazônicos outros como matéria-prima. É mais um acerto da Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio que recebeu investimentos da ordem de R$200 mil. O Artigo 6º do Decreto-Lei no 1.435/1975 – vejam bem, desde 1975 – isenta do Imposto sobre Produtos Industrializados os produtos elaborados com matérias-primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, inclusive as de origem pecuária, por estabelecimentos localizados na área definida pelo § 4o do art. 1o do Decreto-lei no 291, de 28 de fevereiro de 1967.
No mesmo laboratório, clones de seringueiras com espécies colhidas no Rio Juruá-AM, abastecem a indústria de borracha, localizada em São Paulo, o maior produtor nacional de borracha. No Amazonas, pouco coisa fizemos além da indústria de concentrados, que estimulou a produção de guaraná e açúcar mascavo em escala, estimulando a exportação e a geração de emprego no interior, como o visionário legislador pretendia.
Por que não ganhou corpo e ampliação regional na indústria de termoplástico, de química fina, de cosméticos e farmacêuticos acerto da, ou mesmo no segmento de duas rodas, com apenas um laboratório de nanobiotecnologia que custa menos de R$ 3 milhões, segundo Silvio Crestana, gestor da Embrapa? Cabe lembrar que estes setores lideram o desemprego no segmento de são componentes do polo industrial de Manaus? E não esquecer que o Amazonas recolheu, em 5 anos, R$2,3 bilhões de P&D para o Fundo de Ciência e Tecnologia e não recebe um centavo para este fim desde 2012.
Falta ao gestor público do século XXI o espírito empreendedor dos formuladores de políticas públicas dos meados do século XX, com ênfase no investimento em P&D e regionalização da economia. Os produtos que adotam insumos da biodiversidade geram crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados, aliviando a cangalha fiscal. O setor de termoplástico, sem amparo, se desmancha e demite. São 8 mil postos de trabalho perdidos pela defasagem competitiva.
Com o plástico verde, podemos criar empregos, não na China, substituindo insumos chineses, feitos com alta tecnologia e sem o custo Brasil e seus penduricalhos trabalhistas. Na mesma pisada as demissões esvaziaram o segmento químico e farmacêutico. Todos eles esbarram numa legislação ambiental que compromete o acesso à biodiversidade, flexibilizada superficialmente com a nova Lei de Acesso aos produtos naturais.
O que faria o plástico galgar o paradigma da sustentabilidade e auferir da compensação fiscal? Usar fibra do buriti, da juta ou malva, castanha-do-Brasil, do curauá ou do tucumã, para mencionar produtos com históricos de produção em escala ou oferta abundante para um extrativismo sustentável como faz a Beraca, empresa brasileira que explora as reservas do óleo de buriti há décadas para a L’Oreal de Paris.
O CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia, a despeito dos sacolejos políticos, tem respostas prontas para estas demandas de inovação tecnológica. É só retomar os avanços que consignou, mesmo sem definição de seu modelo de gestão e de negócios.
Em 2015, por interferência da indústria, a instituição fez uma consulta às empresas para aferir essas demandas dos insumos regionais de resinas, fibras, oleaginosas, com protocolos específicos para as empresas do setor privado. Essa consulta pautou o Edital do Pronametro e provocou alguns acordos de cooperação entre o BA/SUFRAMA/InMetro e a Fazenda Aruanã, com a descoberta de tesouros biológicos e biomoleculares nos resíduos do beneficiamento de castanha. Um novo Edital está sendo gerado pelo PronaMetro, com atraentes 60 novas bolsas.
A bola da vez, – além da dermocosmética e nutracêutica da castanha – pelo desemprego, e pelas oportunidades de novos negócios, que a demanda sustentável mundial reserva para o plástico verde, é o setor de termoplástico e de indústria química. A receita é antiga, Roberto Campos e Arthur Amorim, mentores deste modelo de acertos já tinham profetizado. Os caminhos da ZFM passam pela articulação solidária entre academia, ecologia e economia florestal, com vontade política e obstinação coletiva para os próximos 50 anos.
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