O Centro da Indústria do Estado do Amazonas permanece firme no compromisso de preservar a floresta, gerar empregos e contribuir para o progresso do Brasil. Continuaremos a lutar por políticas que reconheçam a importância da Zona Franca de Manaus para a economia e o meio ambiente. Esse é nosso papel e nossa responsabilidade para com o Brasil e as futuras gerações
Por Luiz Augusto Barreto Rocha
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Realizada em São Paulo, no salão nobre da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a conferência Diálogos Amazônicos apresenta novas perspectivas sobre a Amazônia e seus desafios, com a condução de quem tem legitimidade de fala, os amazônidas e os que lá vivem. Este evento reúne representantes do setor público e privado com um objetivo comum: compartilhar com o Brasil e o mundo o papel estratégico e multifacetado da Zona Franca de Manaus (ZFM). Criada para proteger a floresta, reduzir desigualdades regionais e promover o desenvolvimento econômico, a ZFM é muito mais do que uma política de incentivo, é um mecanismo vital para a preservação e o fortalecimento da Amazônia como patrimônio nacional.
O Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM) reafirma seu compromisso com esse modelo de desenvolvimento, que há mais de meio século equilibra progresso econômico e conservação ambiental. Nosso trabalho vai além do fortalecimento industrial: buscamos promover um futuro auspicioso, mantendo a floresta de pé e fazendo que a indústria da Amazônia seja um exemplo mundial de sustentabilidade.
Nesse contexto, a ZFM se destaca como um bastião da soberania e como um modelo de desenvolvimento que respeita as particularidades da floresta e das comunidades locais. As presenças de Marcos Bento, presidente da ABRACICLO, de Júlio Koga, vice-presidente da MOTO HONDA, de Rebecca Garcia, Diretora da GBR, de Régia Moreira da IMPRAM, de Jeanete Portela da UMICORE, de Rafael Lourenço da YAMAHA, de Denis Minev da BEMOL, dentre outros líderes empresariais, sinaliza o que o CIEAM trabalha no cotidiano da indústria, desenvolvendo lideranças e ampliando a capacidade de que nosso modelo de desenvolvimento seja compreendido na sua integralidade.
Importância da Zona Franca de Manaus para o Brasil
A Conferência Diálogos Amazônicos trouxe alguns pontos de reflexão, como o esclarecimento de que a vocação atual da Amazônia é a indústria. É fundamental trazer para São Paulo e para o ambiente acadêmico da FGV as nossas vozes, contando ao país sobre o papel decisivo da ZFM na geração de riqueza e arrecadação de impostos, desmistificando a ideia de que a região é economicamente subsidiada. A Amazônia, como foi esclarecido, mesmo com incentivos, gera tributos proporcionais ao PIB superiores a vinte e quatro outros estados brasileiros, confirmando sua relevância para a economia nacional.
Dados robustos reforçam essa visão: apenas o Polo Industrial de Manaus gera anualmente mais de R$ 20 bilhões em impostos para a União, além de 5 bilhões destinados a fundos de desenvolvimento estadual e à manutenção integral da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), presente nos 62 municípios amazonenses. Essa presença representa educação e oportunidades, muitas vezes em áreas onde a presença do Estado brasileiro se limita às Forças Armadas.
A Zona Franca de Manaus é um projeto que transcende o fortalecimento industrial. Ela representa uma estratégia de defesa ambiental e soberania nacional. Por meio de sua política tributária, o modelo contribui diretamente para a manutenção da floresta em pé, combatendo a devastação.
“Empreender na Amazônia é um desafio monumental”, ressalta Jeanete Portela, advogado tributarista e conselheiro do CIEAM, sublinhando que iniciativas empresariais sustentáveis enfrentam não apenas o ecossistema complexo, mas também preconceitos que distanciam o restante do Brasil da compreensão sobre as especificidades da região. Para ele, a Amazônia não é meramente uma fonte de recursos; é um ecossistema singular, com papel decisivo no equilíbrio climático global. E explica: “foi essa compreensão adicional que ajudou o Congresso a decidir pela manutenção das prerrogativas constitucionais da ZFM”
Sustentabilidade e Inovação, pilares essenciais
O CIEAM, com o apoio de diversas entidades e empresas do Polo Industrial de Manaus, trabalha continuamente para inovar e responder às demandas ambientais e tecnológicas. A sustentabilidade não é um conceito abstrato; é um princípio que norteia as decisões diárias. As empresas no Polo têm adotado práticas de baixo impacto ambiental, fortalecendo o compromisso com a biodiversidade amazônica.
A cooperação entre o setor industrial e o Comando Militar da Amazônia reforça o valor estratégico da ZFM como ferramenta de segurança nacional, ressaltando a importância de preservar a BID (Base Industria de Defesa), em meio a pressões ambientais e sociais crescentes, em um ambiente de complicações geopolíticas crescentes.
Com a criação do CONDEFESA AMAZÔNIA formalizou-se a aproximação das entidades da indústria com o Comando Militar da Amazônia, presente na Conferência através de seu comandante, general Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves. A instalação do CONDEFESA AMAZÔNIA visa fortalecer e impulsionar a Base Industrial de Defesa na região. O objetivo é fomentar as empresas do Polo Industrial de Manaus para o desenvolvimento de tecnologias e equipamentos militares que contribuirão para a manutenção da soberania brasileira na região amazônica e no Brasil.
Nossa atuação inclui esforços para reduzir a desinformação sobre a Amazônia e combater estereótipos que retratam a região como um “território gratuito” para exploração. A integração da ZFM a iniciativas de ESG (ambiental, social e governança), com conselheiros como Régia Moreira e Maurício Loureiro, a colaboração com a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) fortalecem as bases para um desenvolvimento sustentável e comprometido com os valores amazônicos.
Denis Minev, da Bemol, é um exemplo de empresário comprometido com esse propósito. Acumulando a experiência familiar de muitas décadas na Amazônia, Minev representa uma nova geração de líderes dispostos a transformar o ecossistema amazônico em referência de desenvolvimento equilibrado, por meio de tecnologia e parcerias que promovam sustentabilidade. Na mesma direção, a empresária Rebecca Garcia, terceira geração de pioneiros empreendedores espanhóis, sinaliza a diversificação industrial e a inclusão de iniciativas de Bioeconomia na região amazônica.
FGV, espaço institucional do Diálogo Nacional
Neste momento crucial, agradecemos à FGV, na pessoa do anfitrião Márcio Holland, por sua iniciativa e pelo acolhimento ao CIEAM e à economia da Zona Franca de Manaus. A FGV tem promovido um espaço fundamental para o debate e a valorização da ZFM, destacando seu impacto e desafios. Esse apoio reforça o valor estratégico do modelo e seu papel na sustentabilidade da Amazônia e do Brasil.
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Assim, convidamos o setor público, o setor privado, a academia e toda a sociedade brasileira a se engajarem nesta missão. Reafirmamos que as portas da Amazônia estão permanentemente abertas para aqueles que desejarem compartilhar o desafio de construir um modelo de desenvolvimento que respeite a floresta. O Brasil pode, sim, se tornar uma potência verde, mas isso exige a valorização da Amazônia e a busca por soluções que promovam sua preservação. Nossa interlocução é uma via de mão dupla: queremos ouvir as contribuições de todos, trabalhar em conjunto e desenvolver soluções para o benefício de toda a nação.
Diálogos Amazônicos simboliza nova abordagem da Amazônia
Na Conferência Diálogos Amazônicos a ZFM se apresenta como um modelo que não apenas resiste ao tempo, mas se reinventa para fortalecer o desenvolvimento sustentável, refletindo a capacidade de adaptação dos amazônidas, demonstrando que é possível conciliar produção industrial com preservação ambiental. Os Diálogos Amazônicos se mostram, assim, como um momento de redefinição da imagem e do papel da Zona Franca de Manaus, oferecendo ao Brasil uma visão integrada de desenvolvimento que assegure a proteção da Amazônia e amplie as oportunidades na região, sempre ressaltando: “Zona Franca de Manaus, quem nos conhece nos admira e respeita!”
Compromisso com o Futuro do Brasil
O Centro da Indústria do Estado do Amazonas permanece firme no compromisso de preservar a floresta, gerar empregos e contribuir para o progresso do Brasil. Continuaremos a lutar por políticas que reconheçam a importância da Zona Franca de Manaus para a economia e o meio ambiente. Esse é nosso papel e nossa responsabilidade para com o Brasil e as futuras gerações. Certamente, este é o propósito do BNDES e da FINEP, dois referenciais agentes financeiros, atentos e obstinados a abraçar o desafio socioeconômico e ambiental que a ZFM representa para expandir e diversificar seus propósitos.
Reiteramos o convite a todos os brasileiros na certeza que podemos construir um futuro onde desenvolvimento e preservação caminhem lado a lado. O CIEAM está à disposição do país, com transparência, compromisso e determinação para promover um modelo econômico que respeite o meio ambiente, gere justiça social e assegure a prosperidade para nosso povo e para nosso planeta.
Luiz Augusto Barreto Rocha é advogado, CEO das empresas BDS Confecções e Fio de Água, Lavanderias, é presidente do Conselho Superior do CIEAM, conselheiro da Abit e da UEA.
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