Unesco emite alerta para o Pantanal: maior área úmida tropical do mundo enfrenta crise sem precedentes, com degradação ambiental avançando e medidas urgentes sendo solicitadas por ONGs e especialistas
O Pantanal, maior área úmida tropical do mundo, enfrenta uma crise sem precedentes. Diante desse cenário alarmante, as ONGs Onçafari e SOS Pantanal apresentaram à Unesco uma carta formal solicitando a inclusão do bioma na lista de patrimônios mundiais em perigo. O documento, elaborado em parceria com a Environmental Justice Foundation (Brasil) e o Centro de Diversidade Biológica (México), detalha os impactos da degradação ambiental no Pantanal e propõe ações urgentes para sua preservação.
A solicitação destaca o papel fundamental do Pantanal na regulação climática, na manutenção da biodiversidade e no sustento das comunidades locais e indígenas. Segundo o documento, medidas rápidas e coordenadas são cruciais para evitar que o bioma continue em colapso.
Os desafios enfrentados pelo Pantanal
Composto por 10 páginas, o relatório entregue à Unesco expõe as principais ameaças que comprometem a integridade do Pantanal. Entre elas estão:
- Incêndios florestais: Muitos provocados por atividades humanas, como desmatamento e uso descontrolado do fogo para a abertura de áreas agrícolas.
- Seca prolongada: Intensificada pelas mudanças climáticas, que têm alterado drasticamente o regime hidrológico do bioma.
- Desmonte de políticas ambientais: A flexibilização de legislações ambientais e o enfraquecimento dos órgãos de fiscalização agravam a situação, deixando o Pantanal mais vulnerável.
Essas ameaças impactam diretamente a capacidade do Pantanal de funcionar como um grande “estoque de carbono”, regulando a quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera. Além disso, comprometem a rica biodiversidade do bioma, que abriga espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada, o cervo-do-pantanal e inúmeras aves migratórias.
A degradação também atinge a cultura local e a subsistência das comunidades indígenas e ribeirinhas, que dependem dos recursos naturais para sua sobrevivência. O documento alerta que, sem uma resposta contundente, os danos poderão se tornar irreversíveis.
Pantanal: um patrimônio em risco
“O Pantanal é essencial para espécies ameaçadas, populações humanas e a manutenção de benefícios ecológicos e climáticos. No entanto, sua degradação já é evidente e exige respostas imediatas”, afirmam os representantes das ONGs no documento.
A solicitação à Unesco é acompanhada de um pedido para que o bioma seja incluído em um programa especial de preservação, que prevê:
- Adoção de medidas corretivas para conter o desmatamento e os incêndios.
- Monitoramento contínuo da situação ambiental e climática.
- Mobilização de recursos financeiros por meio do Fundo do Patrimônio Mundial para apoiar áreas críticas e ações de recuperação ambiental.
A inclusão na lista de patrimônios mundiais em perigo também trará maior visibilidade internacional ao Pantanal, favorecendo cooperações multilaterais em favor do bioma.
Apoio global é fundamental
Além da Unesco, a carta foi enviada à União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Segundo as ONGs, o apoio de organismos internacionais e governos é indispensável para frear a degradação. A proposta é que a comunidade global reconheça o Pantanal como uma prioridade na luta contra as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade.
As ONGs ressaltam que, sem uma abordagem integrada, o Pantanal continuará a sofrer com incêndios de grandes proporções, perda de espécies, alterações no ciclo da água e impactos severos para as comunidades que dependem do bioma.
As organizações envolvidas na elaboração da carta chamam a atenção para a urgência de proteger o Pantanal. O bioma não é apenas um tesouro natural do Brasil, mas um ativo ecológico de importância global. Seu papel na regulação climática, na conservação da biodiversidade e no equilíbrio dos ciclos naturais torna sua preservação essencial para o planeta.
O pedido à Unesco não é apenas um apelo simbólico, mas um chamado à ação. “Proteger o Pantanal significa proteger a vida e o futuro das gerações que dependem de seus serviços ecológicos. Cada minuto perdido é um passo a mais rumo à destruição de um patrimônio único no mundo”, concluem as ONGs.
Caso a solicitação seja aceita, o Pantanal poderá se beneficiar de uma série de iniciativas internacionais voltadas à recuperação e proteção do bioma, incluindo a articulação de políticas públicas mais robustas e maior engajamento da sociedade civil. A decisão agora está nas mãos da Unesco e da comunidade internacional.