Um estudo do Instituto Tecnológico Vale identifica a árvore ‘cinzeiro’ como principal armazenadora de carbono na Floresta Nacional de Carajás, que retém ao todo 490 milhões de toneladas de CO2, destacando sua importância no combate às mudanças climáticas.
Um recente estudo realizado pelo Instituto Tecnológico Vale (ITV) voltou-se para a quantificação do carbono armazenado na Floresta Nacional de Carajás, situada no sudeste do Pará, Amazônia. O foco foi identificar árvores com alta capacidade de absorção de dióxido de carbono (CO2). Entre as espécies estudadas, a Erisma uncinatum Warm, conhecida como “cinzeiro”, destacou-se por seu significativo estoque de carbono.
A Floresta Nacional de Carajás, cuja extensão supera cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo, possui um acúmulo de aproximadamente 490 milhões de toneladas de carbono equivalente. Esta medida abarca vários gases de efeito estufa, convertidos em termos de CO2. As árvores desempenham um papel crucial na captura de CO2 da atmosfera, retendo-o em suas estruturas físicas como troncos, folhas e galhos, tornando-se, assim, importantes reservatórios de carbono.
“As grandes árvores são parte essencial do ecossistema florestal. Além de armazenarem enormes quantidades de carbono, fornecem importantes habitats para os animais e para as árvores abaixo da sua copa, devido ao sombreamento e pela queda de matéria orgânica”, explicou Tereza Cristina Giannini, pesquisadora do ITV, em um comunicado à imprensa.
Desafios frente ao desmatamento
Árvores de grande porte, que levam longos períodos para atingir seu pleno desenvolvimento, estão se tornando cada vez mais escassas devido ao desmatamento. Giannini enfatizou a importância de preservar as florestas para combater as mudanças climáticas.
Na pesquisa, foram medidas árvores, bambus, trepadeiras e palmeiras com uma circunferência mínima de 10 centímetros. O cálculo do estoque de carbono abrangeu tanto o tronco quanto a copa das espécies, isto é, a biomassa viva acima do solo. Foi constatado que a média de carbono armazenado pela vegetação aérea é de 173 toneladas por hectare (t-C/há). Em áreas de floresta ombrófila aberta, os estoques de carbono nas raízes, madeira morta e serapilheira representam, respectivamente, aproximadamente 35%, 8% e 5% do total armazenado na parte aérea.
Contribuições específicas de espécies
A partir da análise de 14 árvores da espécie cinzeiro, identificou-se um armazenamento total de 43 toneladas de carbono. Manter uma única árvore dessa espécie equivale a armazenar 58 toneladas de CO2 equivalente, o que se compara à queima de cerca de 25 mil litros de gasolina. Outras espécies relevantes no armazenamento de carbono são a Marlimorimia psilostachya (timborana) e a Bertholletia excelsa Bonpl (castanheira), armazenando, respectivamente, 27 e 17 t-C. Notavelmente, a castanheira é classificada como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e está listada na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente.
Rosane Cavalcante, outra pesquisadora do instituto, destacou que, embora as grandes árvores sejam cruciais para o armazenamento de carbono, o sub-bosque, com sua biodiversidade e árvores menores de crescimento lento, também é fundamental para a estabilidade do carbono armazenado e para a remoção de carbono da atmosfera. Ela ressalta a importância de proteger ecossistemas ricos em carbono e biodiversidade como parte da estratégia para mitigar as mudanças climáticas.
Com informações da Galileu
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