Não há muito tempo para recuperar o meio ambiente, segundo a especialista; para evitar essa extinção em massa, é necessário mais rigor com a legislação ambiental
O planeta já passou por cinco eventos anteriores de extinção em massa, sendo o último há 65,5 milhões de anos, que eliminou os dinossauros. Agora, especialistas acreditam que estamos no meio de uma sexta extinção em massa. Em uma conversa à BBC, a primatologista e conservacionista britânica Jane Goodall pontua que o tempo para evitar os piores impactos das mudanças climáticas está se esgotando rapidamente, o que poderia levar a esse fenômeno.
“Estamos no meio da sexta grande extinção”, diz Goodall em entrevista para o programa Inside Science da BBC Radio 4. “Quanto mais pudermos fazer para restaurar a natureza e proteger as florestas existentes, melhor.”
Uma extinção em massa corresponde a um curto período de tempo geológico no qual uma alta porcentagem da biodiversidade, ou espécies distintas — bactérias, fungos, plantas, mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, invertebrados — desaparece. Vale pontuar que, em termos de tempo geológico, um período “curto” pode abranger milhares ou até milhões de anos.
Jane Goodall foi a primeira pessoa a testemunhar e documentar chimpanzés fabricando e usando ferramentas – os primatas preparavam gravetos para pescar cupins. Antes de suas observações, esse comportamento era considerado uma característica exclusivamente humana.
O que está causando esse cenário?
Diferentemente dos eventos anteriores de extinção em massa causados por fenômenos naturais, a sexta extinção em massa é impulsionada pela atividade humana, principalmente – embora não se limite a – pelo uso insustentável da terra, água e energia, além das mudanças climáticas. Atualmente, 40% de toda a terra foi convertida para a produção de alimentos. A agricultura também é responsável por 90% do desmatamento global e utiliza 70% da água doce do planeta, devastando as espécies que habitam esses locais ao alterar significativamente seus habitats.
Se não corrigirmos o curso, o planeta continuará a perder a biodiversidade essencial para a vida em um ritmo alarmante. Essas perdas levarão, no mínimo, décadas para serem revertidas, resultando em um planeta menos capaz de sustentar as gerações atuais e futuras.
“Certamente as pessoas querem um futuro para seus filhos. Se quiserem, precisamos ser mais rigorosos em relação à legislação [ambiental]”, afirma Goodall. “Não temos muito tempo para começar a ajudar o meio ambiente. Já fizemos muito para destruí-lo”, conclui.
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