Pesquisadores sul-coreanos criam arroz híbrido com células de carne, oferecendo maior teor de proteína e gordura, além de reduzir significativamente as emissões de CO2 comparado à produção de carne bovina, visando uma alimentação mais sustentável e econômica.
Cientistas da Coréia do Sul criaram uma versão de arroz que promete ser uma opção mais nutritiva, econômica e ecológica em termos de fonte de proteína. Este arroz, produzido em ambiente controlado de laboratório, é enriquecido com células-tronco bovinas, tanto musculares quanto de gordura. Para sua composição, utiliza-se também um revestimento feito de gelatina de peixe, que tem a função de manter as células no lugar.
“Imagine obter todos os nutrientes que precisamos a partir de um arroz cultivado com células de proteína animal”, escreveu a autora principal do estudo, Sohyeon Park, em comunicado. “O arroz já tem um alto nível de nutrientes, mas adicionar células de proteína animal pode aumentá-lo ainda mais.”
Publicação científica e benefícios nutricionais
De acordo com um artigo na revista Matter, os autores do estudo destacam que, embora o arroz seja tradicionalmente rico em carboidratos e contenha menores quantidades de proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, a adição de células animais pode transformá-lo em uma fonte alimentar mais completa, capaz de assegurar uma nutrição adequada. Este arroz modificado apresenta um aumento de 8% em proteínas e 7% em gorduras em comparação ao arroz convencional, além de possuir um aroma peculiar que remete à carne bovina e amêndoas.
“Quando cozido, mantém sua aparência tradicional, mas carrega uma mistura única de aromas, incluindo um leve sabor de nozes e umami, característicos da carne”, relatou o professor Jinkee Hong, que liderou o trabalho na Universidade Yonsei. “Embora não reproduza exatamente o sabor da carne bovina, oferece uma experiência de sabor agradável e nova. Experimentamos com vários acompanhamentos e combina bem com diversos pratos.”
Impacto ambiental e sustentabilidade
O arroz enriquecido não só se destaca por seu valor nutricional, mas também por seu potencial de reduzir o impacto ambiental associado à produção de alimentos. Em comparação, a produção de 100g de proteína bovina resulta na emissão de quase 50 quilos de dióxido de carbono, enquanto a mesma quantidade do arroz híbrido resulta em uma emissão oito vezes menor, com apenas 6,27 quilos de CO2.
Inicialmente, as células utilizadas foram obtidas de bovinos hanwoo abatidos localmente, conforme reportado pelo The Guardian. Atualmente, os pesquisadores buscam fontes sustentáveis de células que possam ser cultivadas em laboratório, eliminando a necessidade de abate de mais animais.
Além dos benefícios ambientais e nutricionais, este arroz inovador promete ser mais acessível financeiramente, custando aproximadamente US$ 2,23 por quilo, um valor significativamente inferior aos US$ 14,88 por quilo da carne bovina, conforme os preços verificados nos estudos.
Os cientistas veem no novo arroz uma solução potencial para melhorar o fornecimento de alimentos em situações de emergência, em regiões assoladas pela fome, e também como uma opção alimentar para astronautas e militares, dada sua nutrição, custo-benefício e sustentabilidade.
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