Uma resposta ao aumento alarmante das queimadas na Amazônia, o governo federal, em parceria com os governos dos estados da Amazônia Legal, anunciou a criação de frentes de atuação em três regiões críticas do bioma
A medida foi divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) após uma reunião no Palácio do Planalto, que contou com a participação de governadores e representantes dos nove estados da Amazônia Legal, além do Mato Grosso do Sul.
Segundo André Lima, secretário extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial no MMA, 21 municípios concentram 50% de todos os focos de incêndio na Amazônia. Em resposta a essa situação, três regiões prioritárias foram identificadas para a instalação de frentes multiagências interfederativas.
As áreas selecionadas incluem a região entre Porto Velho, em Rondônia, e Humaitá, no Amazonas, ao longo da BR-319; a região de Apuí, no Amazonas, por onde passa a Rodovia Transamazônica (BR-230); e a região de Novo Progresso, no oeste do Pará, abrangida pela BR-163.
Nessas localidades, serão instaladas bases que integrarão órgãos federais e estaduais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além da Polícia Federal e polícias estaduais.
Estatísticas e impactos
Atualmente, cerca de 360 frentes de combate a incêndios estão em operação no Norte do país, contando com mais de 1.400 brigadistas. Desde o início do ano, mais de 59 mil focos de incêndio foram registrados na Amazônia, o pior número desde 2010. A fumaça dessas queimadas já afeta cidades em dez estados brasileiros, que têm registrado céu cinzento e queda na qualidade do ar.
Imagens do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos revelam a concentração de monóxido de carbono em uma faixa que se estende do Norte do Brasil até as regiões Sul e Sudeste, passando por países vizinhos como Peru, Bolívia e Paraguai. Na última semana, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) emitiu um alerta sobre os cuidados necessários à saúde nessas condições.
Coordenação e punição de incêndios ilegais
A organização dessas frentes será liderada pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman), que tem a função de buscar soluções conjuntas para o combate aos incêndios florestais.
Após a reunião, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que a maioria dos focos de incêndio está sendo combatida em áreas sob responsabilidade do governo federal, como unidades de conservação, terras indígenas e assentamentos. “Cerca de 60% dos processos de combate aos focos de incêndio na Amazônia estão sob nossa responsabilidade. Ainda assim, o governo federal participa de 74% das frentes de combate, indo além de suas obrigações”, afirmou a ministra.
Uma das novidades nas novas frentes de combate é a intensificação da atuação policial para punir incêndios ilegais na região. “Esperamos que essas frentes ajudem a aumentar nossa capacidade de dissuasão, com a Polícia Federal investigando esses crimes”, ressaltou Marina Silva.
Proibição de manejo do fogo
André Lima, secretário do MMA, reforçou que, devido à falta de novas autorizações de manejo do fogo na Amazônia, todos os novos focos de incêndio são considerados ilegais. “A maioria dos estados já proibiu o uso do fogo, e os que ainda não o fizeram estão sendo instados a proibir. Novas ignições são ilegais, algumas criminosas e outras irregulares”, concluiu.
*Com informações Agência Brasil
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