Enquanto buscarmos soluções únicas para as Amazônias, ao invés de soluções para cada Amazônia, estaremos esmagando potenciais de uma futura potência global, apequenando o país e seus povos
Por Augusto Cesar Barreto Rocha
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A extensão da Amazônia é superior à de muitos países. Tentar entender esta vasta região como uma só, é um equívoco daqueles que não a conhecem em nenhuma extensão. É o mesmo erro que cometemos quando nos referimos à Ásia ou à África como uma realidade única em cada um dos países. Há uma diferença substancial entre o Quênia e o Sudão ou entre a Índia e a Coreia do Norte. Aqui repete-se o equívoco, pois as necessidades e as oportunidades do Oiapoque são muito diferentes do que necessita São Gabriel da Cachoeira ou entre o que necessita Manaus versus Macapá. Tentar unificar as demandas e oportunidade como se fossem iguais é um erro.
Haverá mais diferenças que semelhanças. Encontrar um eixo mestre para o desenvolvimento da Amazônia é algo insistentemente tentado e fracassado. Há projetos exitosos em todas os Estados da região – precisamos identificá-los, compreendê-los e potencializá-los, ao invés de atacar as poucas histórias de sucesso, como a indústria da Zona Franca de Manaus ou o escoamento da soja do Centro-oeste pelos portos do chamado Arco Norte. Democracia não é só eleição, mas a sensação de perceber-se participando e de participar efetivamente na definição de nossos destinos particulares.
Para quem vive em áreas relativamente isoladas do ambiente global, quando se fala numa redução da globalização e em um potencial de economia mais verde, todo o ambiente se transforma em oportunidade, uma vez que não há risco para quem já não tem nada. Os riscos estão muito associados aos que possuem algo. Como a pobreza impera na Amazônia, será que transformaremos nossas lutas em políticas para as pessoas locais serem impulsionadas ou esmagadas?
As regiões periféricas vivem em uma crise eterna, porque pouco conhecem ou usam das oportunidades. O relativo ou total isolamento em que a Amazônia se encontra, sendo destruída vagarosamente ou velozmente, conforme a época, faz com que ela possua uma vocação única para as oportunidades. Em meio ao que o mundo tanto delibera e busca, quanto às oportunidades mais verdes para a indústria, faz com que o caminho das oportunidades seja muito mais fácil do que qualquer outro.
A apropriação do crescimento pelas camadas mais isoladas da Amazônia fará grande diferença, se for em base de manter a floresta e o equilíbrio ambiental, ao invés de transformar a região em pasto e plantação extensiva por multinacionais. A região é muito complexa para analisá-la a partir dos grandes centros ou de qualquer de seus interiores. Não haverá uma única solução para as questões da Amazônia. Entretanto, olhar a “economia verde” como perspectiva de todos os ambientes é a grande oportunidade, adaptando esta premissa para cada uma das localidades
Esta adaptação será feita com política e conversa e não com matanças ou desmatamentos. Será necessária a construção de consensos para cada unidade federativa da Amazônia Legal. Enquanto buscarmos soluções únicas para a Amazônia, ao invés de soluções para cada Amazônia, estaremos esmagando potenciais de uma futura potência global, apequenando o país e seus povos
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O Amazonas pode se consolidar como um dos principais eixos da reindustrialização do Brasil. A V Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação, que será realizada em junho de 2024, prevê eventos preparatórios por todo o país e nos seus Eixos Temáticos estão postas muitas oportunidades. Precisamos fazer encontros preparatórios que reconheçam os diferentes potenciais de cada Estado, para ampliar a indústria do Amazonas e para viabilizar uma indústria não destrutiva em outros Estados. A Ciência pode encontrar as respostas diversas que são tão fundamentais para corrigir as assimetrias históricas e transformar o futuro de riquezas em um presente mais próximo
Augusto Rocha é Professor Associado da UFAM, com docência na graduação, Mestrado e Doutorado e é Diretor Adjunto do CIEAM
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