Diante da iminente crise hídrica que se avizinha na Amazônia brasileira, decorrente de políticas ambientais profundamente negacionista , torna-se crucial a implementação de medidas efetivas para a conservação não apenas do meio ambiente, mas de toda economia e agricultura no continente latino-americano.
Por Estevão Monteiro de Paula
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A crise hídrica brasileira de grande intensidade se aproxima cada vez mais por falta de iniciativa mais relevante em relação às “políticas de conservação do meio ambiente”. Os dados sobre o Índice de Impacto nas Águas da Amazônia, que se deve principalmente ao desmatamento e ao fogo, apresentados pela Aquazonia Ambiental, são preocupantes, para não dizer alarmantes.
O volume de água na Amazônia diminuiu 12% nos últimos 30 anos, de acordo com um estudo realizado pela MabBiomas. As análises feitas no estudo atribuem que a diminuição do fluxo hídrico é causada pela utilização da terra para fins agrícolas e florestais, juntamente com a construção de represas.
Estima-se que cerca de um quinto das microbacias hidrográficas da Amazônia brasileira estão sendo significativamente afetadas conforme os estudos realizados pela Ambiental Média com o apoio do Instituto Serrapilheira; ou seja, em cada 5 microbacias, uma está muito afetada. Conforme o mesmo estudo, a Amazônia brasileira tem cerca de 11.216 microbacias, dentro do qual 20% sofrem alto, muito alto ou extremo impacto ambiental.
Sem dúvida, a água na Amazônia é uma das principais formas de conexão na região, surge nos Andes e se transforma em rios, que, ao longo da sua trajetória, abastecem comunidades humanas e fornecem alimentos para as matas e planícies, que abrigam diversas espécies de plantas e flora. A evapotranspiração da biomassa vegetal aumenta as reservas de água na atmosfera, o que aumenta os estoques do bioma. Os “rios voadores” são responsáveis por irrigar lavouras e abastecer centros urbanos ao sul do Brasil.
Ademais, a revista The Nature Conservancy publica que 70% do PIB da América do Sul está sob a zona de influência da Amazônia e grande parte da produção de alimentos do mundo depende dos seus serviços ambientais.
É importante enfatizar que é incipiente a governança das microbacias hidrográfica da Amazonia. O comitê de bacias e microbacias praticamente não existe. Sem um comitê, pode haver desorganização na gestão dos recursos hídricos, resultando em conflitos entre diferentes usuários (agricultores, indústrias, comunidades locais) que dependem da mesma microbacia. No Amazonas, existe um exemplo típico que é o município de presidente Figueiredo, o risco de escasseamento de seus recursos é iminente. Finalmente, Comitês de microbacias são extremamente importantes para uma gestão sustentável da água, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento local. É crucial que as autoridades e a sociedade compreendam a sua relevância e trabalhem em conjunto para assegurar a saúde das nossas microbacias.
A água é o motor da vida do bioma Amazônico. A bacia amazônica abriga o maior rio do mundo, que carrega mais água que qualquer outro rio (~220.000 m³/s) e é essencial para o bem-estar dos povos desde o início de sua ocupação. Ainda, neste século, as populações humanas amazônicas continuam vivendo em uma estreita relação com os corpos d’água. Os rios e áreas ribeirinhas influenciam a vida das populações locais, e da humanidade, de formas múltiplas e interligadas. A conservação da biodiversidade e suas funções ecológicas, e a melhoria da qualidade de vida das pessoas através da melhoria da saúde, alimentação, transporte e abastecimento de energia são o principal desafio do desenvolvimento sustentável na região amazônica.
A preservação e uso sustentável dos recursos hídricos são extremamente essenciais para garantir um futuro saudável para o nosso planeta e todas as formas de vida que nele habitam. Portanto, é necessário adotar medidas para mitigar danos nos recursos hídricos que pousa ser ocasionado pela ação humana. O Instituto de Tecnologia da Amazonia – AmIT consciente da importância da bacia hídricas da Amazônia e preocupado com ações que se encerram de forma desordenada e sem controle resolveu, no seu estudo de viabilidade, sugeriu a criação do Centro de Desenvolvimento e Estudos da Água da Amazônia.
A conservação da biodiversidade e suas funções ecológicas, e a melhoria da qualidade de vida das pessoas através da melhoria da saúde, alimentação, transporte e abastecimento de energia são o principal desafio do desenvolvimento sustentável na região amazônica. Dada a importância dos ecossistemas de água doce e sua sobreposição com paisagens terrestres e sazonalmente inundadas, é urgente identificar as principais questões e desafios relacionados a esses ambientes. Soluções direcionadas para melhorar o uso da água na Amazônia são essenciais para o desenvolvimento sustentável da região e para o bem da humanidade.
Sendo assim, o “Centro de Desenvolvimento e Estudos da Água da Amazônia” deve iniciar as primeiras ações para resolver as principais questões a serem resolvidas, para que a água seja utilizada com mais eficiência na energia, transporte e alimentação.
Estevão Monteiro de Paula é engenheiro civil, mestre em Engenharia de Estruturas e Ph.D pela Universidade do Tennessee, coordenador de pesquisas do INPA e professor titular da Universidade do Estado do Amazonas
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