Medida autorizada por Dino visa acelerar ações emergenciais de combate a incêndios sem comprometer o novo marco fiscal do governo Lula
O Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de decisão do ministro Flávio Dino, autorizou o governo federal a abrir crédito extraordinário para combater incêndios e secas no Pantanal e na Amazônia. A medida permite que o governo atue de forma emergencial, sem prejudicar o novo marco fiscal do governo Lula, cuja meta é zerar o déficit primário das contas públicas em 2024.
A decisão judicial autoriza o envio de uma Medida Provisória (MP) ao Congresso Nacional, similar àquela que foi utilizada durante as enchentes no Rio Grande do Sul. A intenção é evitar que a burocracia financeira impeça ações imediatas para controlar a devastação das queimadas, que já impactam vastas áreas do território nacional.
De acordo com Dino, os danos causados pelos incêndios podem ser comparados a uma “pandemia” em termos de prejuízos econômicos e sociais. A decisão permite a abertura de crédito extraordinário, justificando que os danos ambientais e econômicos das queimadas seriam muito maiores do que os custos de uma resposta rápida e eficiente.
A meta para 2024 é equilibrar as contas públicas, igualando receitas e despesas, o que seria colocado em risco caso o governo precisasse gastar além do previsto. Contudo, a decisão do STF abre caminho para que o Executivo amplie os gastos com medidas emergenciais, sem que isso afete o esforço de ajuste fiscal.
Contratação de brigadistas e uso do Funapol
Além de permitir o crédito extraordinário, Dino autorizou a contratação imediata de brigadistas para o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Antes dessa decisão, havia um intervalo de espera para que os brigadistas pudessem ser efetivamente incorporados às equipes de combate a incêndios. Agora, com a determinação do STF, esse intervalo será ignorado, permitindo uma resposta mais ágil às emergências.
Outro ponto importante da decisão foi o desbloqueio de recursos do Funapol (Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-fim da Polícia Federal). Esses recursos estavam congelados, como parte das ações do governo para equilibrar as contas públicas, mas agora podem ser utilizados exclusivamente para o combate aos incêndios florestais.
O Funapol é destinado a financiar operações da Polícia Federal, como transporte, alimentação e hospedagem de agentes em missões oficiais. A liberação desses recursos é considerada essencial para reforçar o combate aos incêndios que atingem diversas regiões do país.
Seca bate recorde
A decisão do STF ocorre em um momento crítico para o Brasil. Segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), o país enfrenta a pior seca desde o início dos registros históricos, em 1950. Mais de 58% do território nacional está sendo afetado, e os incêndios estão se tornando mais difíceis de controlar devido às condições climáticas extremas.
A atual seca é mais severa do que as registradas em 1998 e nos anos de 2015/2016, agravando ainda mais a situação nas regiões mais vulneráveis, como a Amazônia e o Pantanal. Os incêndios nessas áreas já causam impactos profundos na fauna, flora e nas populações locais, além de comprometer a economia de municípios que dependem de atividades agropecuárias e do turismo ecológico.
Com a liberação do crédito extraordinário e o reforço no número de brigadistas, o governo federal busca intensificar as ações de combate aos incêndios, preservando o meio ambiente e minimizando os danos causados pela seca. A autorização do STF é vista como um passo importante para equilibrar a necessidade de ações emergenciais com o rigor fiscal defendido pela equipe econômica do governo.
O desafio agora será garantir que esses recursos sejam aplicados de forma eficiente e que as ações de combate ao fogo sejam rápidas e coordenadas, evitando que os incêndios continuem devastando as florestas e comprometendo a biodiversidade do país.
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