A dessalinização é uma opção viável para a falta d’água no mundo, produzindo água potável com baixos custos
Apenas usando a luz do sol, um sistema criado por engenheiros do Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das melhores universidades do mundo, é capaz de realizar a dessalinização de água do mar, transformando-a em água potável de baixo custo. Os pesquisadores relatam detalhes do novo sistema em um artigo publicado na revista Nature Water na última terça-feira (08).
O grande diferencial dessa inovação está na capacidade de ajustar a produção de água seguindo a quantidade de luz solar. Ou seja, quando o Sol brilha mais, ele produz mais água, e quando uma nuvem passa ou o dia anoitece, a produção diminui. Como o sistema pode reagir rapidamente a pequenas variações na luz solar, ele maximiza o aproveitamento da energia solar, produzindo grandes quantidades de água limpa, mesmo com mudanças na intensidade da luz ao longo do dia.
Ao contrário de outros dispositivos de dessalinização, a invenção do MIT não precisa de bateria para armazenar energia e nem de rede extra, no caso de variações na luz.
Impacto social do sistema de dessalinização
Segundo o Relatório Mundial de Desenvolvimento da Água da UNESCO 2024, cerca de 2,2 bilhões de indivíduos não possuem acesso à água limpa no mundo todo. Com o novo sistema renovável, sem baterias, torna-se possível fornecer água potável a baixo custo, especialmente para comunidades do interior onde o acesso a água do mar e energia da rede elétrica é limitado.
Após 6 meses de testes em poços no Novo México, o sistema conseguiu manter uma média de dessalinizar 5 mil litros de água por dia, quantia suficiente para o consumo de 3 mil pessoas.
“A maior parte da população vive longe o suficiente da costa para que a dessalinização da água do mar nunca chegue até eles. Como consequência, essas pessoas dependem muito das águas subterrâneas, especialmente em regiões remotas e de baixa renda. E, infelizmente, essa água subterrânea está se tornando cada vez mais salina devido às mudanças climáticas”, diz Jonathan Bessette, doutorando em Engenharia Mecânica no MIT.
Os pesquisadores enxergam a água subterrânea salobra como uma grande fonte de água potável ainda não explorada, especialmente à medida que as reservas de água doce estão sobrecarregadas em várias partes do mundo.“Essa tecnologia pode levar água limpa, sustentável e acessível para lugares subatendidos em todo o mundo”, completa Bessette.
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