A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu como uma de suas metas principais o desmatamento zero até 2030, um objetivo ambicioso que, segundo André Lima, secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente, requer um impulso significativo nas atividades da bioeconomia. Em entrevista ao Poder360, Lima enfatizou a necessidade de uma transição econômica que possa efetivamente substituir a exploração florestal por alternativas sustentáveis.
A estratégia do governo não se limita apenas a coibir o desmatamento ilegal, mas também a promover ativamente a bioeconomia, especialmente na região Amazônica. “Para retirar a pressão econômica sobre as florestas, precisamos avançar na promoção de uma nova economia que se baseie no uso sustentável dos recursos naturais”, explicou Lima. Essa nova direção inclui a concessão florestal, projetos de manejo florestal sustentável, recuperação de áreas já desmatadas, e o fortalecimento da agricultura familiar, juntamente com o desenvolvimento de infraestrutura que apoie o controle efetivo do desmatamento.
Lima também criticou a prática atual de destinar recursos públicos para proprietários rurais que realizam desmatamento dentro dos limites legais. Ele questiona a alocação de verbas limitadas do governo para essas atividades, sugerindo que esses recursos seriam melhor empregados no incentivo a práticas que alinhem com a meta de desmatamento zero. “Devemos focar em investir em áreas já desmatadas e apoiar os produtores que estão comprometidos com a não devastação”, afirmou.
O secretário aponta para a necessidade de uma revisão nas políticas de crédito e subsídio, propondo que o suporte financeiro do governo e de bancos oficiais seja direcionado para aqueles que buscam alternativas ao desmatamento. “Quem insiste em desmatar deve fazê-lo com recursos próprios, não com o apoio de verbas públicas”, declarou, destacando uma mudança de paradigma na gestão ambiental e econômica do país.
A meta de desmatamento zero até 2030 coloca o Brasil em um caminho desafiador, mas necessário, para a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável, exigindo um comprometimento governamental e da sociedade para a transformação das práticas econômicas e ambientais no país.
Brasil define estratégia para alcançar desmatamento zero na Amazônia até 2030
O secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial, André Lima, destacou a necessidade de investimentos significativos em bioeconomia para atingir a meta de desmatamento zero na Amazônia até 2030, conforme proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao Poder360, Lima enfatizou que, além de controlar o desmatamento ilegal, é fundamental promover atividades econômicas sustentáveis que possam substituir a exploração florestal predatória.
A iniciativa visa transformar a economia da região, focando em concessões florestais, projetos de manejo sustentável, recuperação de áreas degradadas e fortalecimento da agricultura familiar. Lima questionou a eficácia dos subsídios governamentais para proprietários rurais que desmatam dentro do limite legal, sugerindo que os recursos deveriam ser direcionados para incentivar práticas mais sustentáveis.
Desafio ambicioso
Lima reconheceu o desafio ambicioso de reduzir pela metade o desmatamento na Amazônia até julho de 2024 e alcançar uma redução anual de 20% a 25% até o final da gestão atual. Isso implicaria em taxas de desmatamento inferiores a 3.000 km² por ano, um marco histórico para o Brasil.
O secretário explicou que, embora a meta de zerar o desmatamento não signifique a eliminação total da derrubada de árvores, espera-se que o volume de áreas em restauração supere as taxas de desmatamento remanescentes, levando a um aumento da cobertura florestal nativa.
Formação de lideranças
Para apoiar esses objetivos, Lima coordena o curso G_DeZ, uma jornada educacional destinada a formar 100 líderes comprometidos com o desmatamento zero na Amazônia até o final do ano. A iniciativa, realizada pelo Centro de Aprendizagem e Cultura Imaflora (Cacuí), terá aulas ministradas de março a outubro de 2024, contando com a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na aula inaugural.
O programa busca criar uma sinergia entre atores de diferentes escalas, do internacional ao local, incluindo comunidades, empresas, judiciário e legislativo, enfatizando a necessidade de lideranças capazes de navegar e promover a agenda ambiental na Amazônia.
Um futuro sustentável
A estratégia delineada pelo governo brasileiro e apoiada por iniciativas educacionais e de liderança representa um passo significativo na luta contra o desmatamento na Amazônia. Ao focar na bioeconomia e na restauração florestal, o Brasil busca não apenas preservar sua biodiversidade única, mas também estabelecer um modelo de desenvolvimento sustentável que possa ser replicado globalmente.
A promessa de erradicar o desmatamento em todos os biomas brasileiros, um compromisso central da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, ganha forma com a posse de Marina Silva como ministra do Meio Ambiente. A criação da Secretaria Extraordinária de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial, liderada por André Lima, é um dos primeiros passos concretos do governo para enfrentar esse desafio.
No entanto, durante a Cúpula da Amazônia, realizada em agosto de 2023, a ausência de uma declaração explícita sobre a meta de desmatamento zero gerou questionamentos. Marina Silva esclareceu que a omissão foi resultado da falta de consenso entre os países participantes. “O processo de negociação é sempre um processo mediado. São consensos progressivos: à medida que temos alguns consensos, a gente vai botando no documento”, explicou a ministra no programa “Bom Dia, Ministro”, do CanalGov.
Essa abordagem diplomática ressalta as complexidades das negociações internacionais sobre questões ambientais, especialmente na região amazônica, que é compartilhada por vários países com diferentes políticas e prioridades ambientais.
Desafios e estratégias
A meta ambiciosa de desmatamento zero reflete o reconhecimento da crise climática global e a urgência de ações concretas para preservar os biomas brasileiros. O Brasil, como um dos principais detentores de florestas tropicais do mundo, desempenha um papel crucial na luta contra o aquecimento global e na conservação da biodiversidade.
A estratégia do governo inclui não apenas o fortalecimento do controle e fiscalização do desmatamento, mas também o incentivo a práticas de desenvolvimento sustentável que possam oferecer alternativas econômicas para as comunidades locais, reduzindo a pressão sobre as florestas.
Perspectivas futuras
A gestão de Lula e Marina Silva está diante de um desafio significativo para alcançar o desmatamento zero, uma tarefa que exigirá esforços coordenados em várias frentes, desde a implementação de políticas eficazes até a negociação de acordos internacionais que alinhem os interesses de todos os países amazônicos.
O compromisso do Brasil com a erradicação do desmatamento e a liderança na conservação ambiental são passos vitais na direção de um futuro mais sustentável. A medida que o governo brasileiro avança nessa jornada, a colaboração internacional e o apoio das comunidades locais serão essenciais para transformar esses objetivos ambiciosos em realidade.
*Com informações PODER 360º
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