Pesquisadoras e fundadoras de startup com viés sustentável buscam alternativas para reaproveitar plásticos de alta complexidade e diminuir os níveis de descarte de plástico
Motivadas pelo baixo índice de reciclagem anual de plástico no planeta – inferior a 10% -, Carla Fonseca e Silmara Neves, duas brasileiras, cientistas e co-fundadoras de uma startup de tecnologia com viés sustentável desenvolveram uma tecnologia capaz de impedir que 700 toneladas de plásticos fossem descartadas em aterros ou incineradas. A dupla conseguiu o resultado por meio de um aditivo compatibilizante chamado “IQX FLEX”, que permite o reaproveitamento de plásticos de alta complexidade.
“O aditivo compatibilizante pode ser aplicado no momento em que a reciclagem é feita para unir essas diferentes camadas, gerando uma resina reciclada de boa qualidade, que pode retornar ao setor produtivo”, explica Neves, pós-doutora em Química pela Universidade de São Paulo (USP) e uma das fundadoras da IQX, que dedica-se ao desenvolvimento de aditivos inovadores para atendimento aos mercados de transformação de plásticos/borrachas e reciclagem. “O composto foi ostensivamente testado e passamos por uma prova de conceito robusta em parceria com a BRF”, afirma à Forbes Brasil.
Além do descarte de plástico inadequado e da produção e consumo desenfreados, um dos principais desafios para a reciclagem desse material é a complexidade de seus componentes. Segundo Neves, um pacote de produto alimentício, por exemplo, pode ter até 12 camadas de plástico diferentes. “É urgente que esses materiais sejam reaproveitados e possam manter uma circularidade”, reforça a cientista.
Para Neves, a tecnologia que evita o descarte de plástico reforça o objetivo da startup e a missão de vida da dupla: “Utilizar a ciência para resolver problemas da sociedade.”