No mais recente estudo divulgado pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES), pesquisadores destacam um custo alarmante causado por espécies invasoras no Brasil, estimado em até R$ 15 bilhões anuais. Este valor, segundo os autores, equivale à construção de 15 laboratórios de biossegurança máxima.
O relatório, apoiado pelo Programa BIOTA-FAPESP, lança luz sobre os desafios impostos por 476 espécies exóticas invasoras registradas no país, incluindo plantas, animais e microrganismos que, ao serem introduzidos fora de seus habitats naturais, ameaçam espécies nativas e desestabilizam ecossistemas.
Michele de Sá Dechoum, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e outros coordenadores do estudo enfatizam que a invasão biológica figura entre as cinco principais causas de perda de biodiversidade mundialmente, ao lado da destruição de habitats, mudanças climáticas, poluição e sobre-exploração de recursos. Especialmente, o mosquito Aedes aegypti, originário do Egito, destaca-se por sua adaptação em regiões tropicais e subtropicais, inclusive no Brasil, onde contribui significativamente para o prejuízo calculado.
O relatório aponta ambientes urbanos e unidades de conservação entre os mais vulneráveis à invasão, implicando o comércio de animais de estimação e plantas ornamentais como principais vetores de introdução. Casos notórios incluem a tilápia, o tucunaré, o javali e o caracol gigante, introduzidos intencionalmente com impactos ambientais adversos.
Além de prejuízos diretos à biodiversidade, as espécies invasoras geram custos substanciais relacionados a perdas de produção, saúde pública e danos a infraestruturas, como usinas hidrelétricas e estações de tratamento de água. O mexilhão-dourado, por exemplo, provoca gastos significativos na manutenção de instalações afetadas por bioincrustações.
O estudo também menciona o desafio de gerenciar espécies invasoras “carismáticas”, como cães e gatos, que se tornam problemáticos quando soltos ou abandonados em áreas protegidas. O conhecimento e engajamento públicos são considerados cruciais para o manejo efetivo dessas espécies, com exemplos de sucesso em projetos de controle em Santa Catarina e Minas Gerais.
Por fim, a ausência de uma lista oficial de espécies exóticas invasoras no Brasil é destacada, embora esforços estaduais e o trabalho do Instituto Hórus sejam reconhecidos como passos importantes para um planejamento eficaz de ações de manejo. Este relatório não só sublinha a magnitude dos impactos econômicos e ambientais das espécies invasoras, mas também ressalta a necessidade urgente de ações coordenadas para mitigar suas consequências.
O Relatório Temático sobre Espécies Exóticas Invasoras, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos pode ser baixado, mediante cadastro, neste link: www.bpbes.net.br/produto/relatorio-tematico-sobre-especies-exoticas-invasoras-biodiversidade-e-servicos-ecossistemicos/.
*Com informações Agência Fapesp
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