O Ministério da Saúde do Brasil divulgou, nesta terça-feira (30), dados preocupantes mostrando que o país registrou 217.841 casos de dengue apenas nas primeiras quatro semanas de 2024. Esse número representa um aumento de cinco vezes em comparação com o mesmo período de 2023, quando foram registrados 44.752 casos. Além disso, foram contabilizados 15 óbitos devido à doença este ano, com outras 149 mortes ainda sob investigação.
Diante dessa situação crítica, o Distrito Federal e os estados de Minas Gerais e Acre declararam estado de emergência em saúde pública. O mosquito Aedes aegypti, transmissor de arboviroses como Dengue, Chikungunya e Zika, é apontado como o principal vetor dessas doenças no Brasil, sendo a dengue a arbovirose urbana mais prevalente no país.
O Ministério relaciona o surto à combinação de calor excessivo e chuvas intensas, efeitos associados ao fenômeno climático El Niño, condições que favorecem a proliferação do Aedes aegypti. O infectologista Antonio Carlos Bandeira, em entrevista à Agência Brasil, explicou que a elevação da temperatura acelera a reprodução e aumenta a longevidade do mosquito, intensificando o risco de disseminação da doença.
Além disso, o ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil é motivo de preocupação. O sorotipo 3, que não circulava de forma epidêmica há mais de 15 anos, voltou a ser uma ameaça. Apesar dos sorotipos 1 e 2 serem atualmente os mais prevalentes no país, a grande quantidade de casos, independentemente do sorotipo, aumenta o risco de complicações e óbitos.
Bandeira relembra que o Aedes aegypti, outrora erradicado do Brasil por volta de 1950 devido a medidas de controle da febre amarela, tornou-se uma presença permanente no país.
O surto atual destaca a necessidade urgente de medidas efetivas de controle e prevenção para combater a disseminação da dengue e proteger a saúde pública
Vacinação contra dengue: estratégia do Brasil frente ao aumento de casos
O Brasil, enfrentando um aumento significativo no número de casos de dengue, está se preparando para uma nova estratégia de combate: a vacinação. Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina Qdenga ao Sistema Único de Saúde (SUS), e as primeiras doses já chegaram ao país. A previsão é de que a distribuição da vacina para os 521 municípios selecionados comece na segunda semana de fevereiro.
A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, explicou que a entrega das doses ainda não começou devido a uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que deve ser cumprida pelo laboratório Takeda, fabricante do imunizante
A situação alarmante da dengue no Brasil foi reforçada pelo infectologista Antonio Carlos Bandeira, que destacou o caráter permanente do mosquito Aedes aegypti no país. “O Aedes veio para ficar e só faz aumentar. Começou em 1980 no Rio de Janeiro e hoje está presente em praticamente todos os municípios do Brasil”, afirmou. Ele também mencionou as dificuldades em controlar a população do mosquito, incluindo os desafios relacionados ao uso de mosquitos transgênicos.
O infectologista sublinhou que a única solução viável agora é a vacinação. Esta abordagem é vista como fundamental na luta contra a dengue, dada a prevalência e adaptabilidade do Aedes aegypti no ambiente urbano brasileiro. A introdução da vacina Qdenga no SUS representa um passo significativo nessa direção, potencialmente diminuindo a incidência da doença e suas complicações no país
*Com informações Agência Brasil
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