“A justificativa para o aumento tarifário pela Vinci Airports vem sendo questionada por todos os setores afetados, revelando uma preocupação profunda com a real motivação por trás desses ajustes. Observa-se que a suposta falta de demanda por voos na região Norte é mais um reflexo da escassez de oferta do que de interesse dos usuários.”
Por Belmiro Vianez Filho
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À medida que o setor comercial do Amazonas se esforça para se recuperar dos efeitos devastadores de uma crise hidrológica sem precedentes, nos deparamos com um novo desafio imposto pelos reajustes tarifários da Vinci Airports. Estes aumentos, que chegam em um momento de delicada recuperação econômica, ameaçam a viabilidade de nossos negócios e a acessibilidade dos preços para os consumidores finais. Este relato visa expor as consequências desses reajustes no comércio local, destacando a importância de um diálogo construtivo entre o operador aeroportuário e as entidades representativas do setor.
A capacidade de planejamento e a gestão de custos operacionais são essenciais para a sustentabilidade do comércio. No entanto, os aumentos propostos, especialmente em um contexto de preparação para uma nova estiagem similar à de 2023, impõem desafios adicionais que muitas empresas, ainda fragilizadas, podem não estar aptas a enfrentar. A falta de oportunidade desses reajustes, somada ao impacto direto nas planilhas de custo, pode levar a um encarecimento geral dos produtos, afetando diretamente o poder de compra da população e a competitividade do comércio amazonense no cenário nacional.
O diálogo é essencial para assegurar que as decisões tomadas pelos operadores de infraestruturas essenciais, como a Vinci Airports, levem em consideração o contexto econômico e social amplo do Amazonas. É imperativo que esses aumentos tarifários sejam reavaliados à luz das condições atuais, buscando soluções que não comprometam o já delicado equilíbrio econômico da região. Apelamos à Vinci Airports para que se abra a um processo de consulta e negociação com as entidades representativas do comércio, a fim de encontrar uma via equitativa que permita tanto a sustentabilidade operacional do operador aeroportuário quanto a continuidade do crescimento e recuperação do comércio amazonense.
Este momento exige compreensão, flexibilidade e, acima de tudo, colaboração. Juntos, podemos encontrar caminhos que fortaleçam nossa economia, protejam os empregos e assegurem a prosperidade de todos os setores envolvidos. O comércio do Amazonas, o maior gerador de empregos e impostos estaduais, é vital para a economia local e o bem-estar da nossa população, merece uma consideração cuidadosa que garanta seu desenvolvimento sustentável e equitativo.
A justificativa para o aumento tarifário pela Vinci Airports vem sendo questionada por todos os setores afetados, revelando uma preocupação profunda com a real motivação por trás desses ajustes. Observa-se que a suposta falta de demanda por voos na região Norte é mais um reflexo da escassez de oferta do que de interesse dos usuários. As evidências sugerem que existem amplas oportunidades para expansão e melhoria dos serviços, contrariando a narrativa de que os reajustes são necessários para aprimorar a eficiência operacional.
Na prática, o aumento das tarifas parece refletir uma estratégia de maximização de lucros à custa dos usuários, sem a entrega de melhorias tangíveis nos serviços. As constantes reclamações dos usuários reforçam essa percepção, indicando uma discrepância significativa entre as promessas de melhorias e a realidade vivenciada pelos consumidores.
Além disso, a ausência de um esforço concertado para aumentar a frequência de voos e identificar as causas subjacentes à redução no volume de passageiros aponta para uma gestão que não está alinhada com as necessidades da região. Sem a devida atenção a essas questões críticas, corremos o risco de perpetuar um ciclo de mediocridade operacional: custos mais altos, serviços de qualidade inferior e uma oferta reduzida. Esse cenário é emblemático dos aspectos mais negativos de um sistema marcado por monopólios privados, onde a falta de concorrência não incentiva a melhoria contínua, prejudicando tanto a economia quanto os consumidores finais.
Belmiro Vianez Filho é empresário do comércio, ex-presidente da ACA e colunista do portal BrasilAmazôniaAgora e Jornal do Commércio
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