Na seca de 2023, a indústria do Amazonas teve um sobrecusto de R$ 1,4 bilhões em sua operação logística. É fácil ficar indignado com tanto excesso, quando são fornecedores tão capacitados em seus negócios. Desta forma, é natural dialogar com eles para compreender o que poderá ser feito para prevenção do cenário em 2024.
Por Augusto Cesar Barreto Rocha
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Armadores são empresas ou pessoas que operam navios para fins comerciais. Há quatro principais armadores que operam para a cidade de Manaus com cargas em contêineres: Aliança, Login, Mercosul e Norcoast. De maneira geral, são grandes grupos empresariais, que possuem muita estrutura e tecnologia. Por exemplo, a Maersk Line é líder mundial na logística de contêineres e faturou em 2023 mais de US$ 51bilhões – ela é a controladora da Aliança Navegação. São grandes empresas globais, com alta tecnologia e competência.
A Mercosul Line é ligada ao grupo CMA CGM, faturou cerca de US$ 47 bilhões em 2023. A Login Logística é uma empresa nacional, que faturou cerca de R$ 2,3 bilhões, mas 73% de sua propriedade é de uma empresa com base em Luxemburgo, na qual a MSC é a holding controladora, com cerca de US$ 28 bilhões de faturamento.
Por fim, a Norcoast é vinculada à Hapag-Lloyd e Norsul. A Hapag-Lloyd faturou em 2023 cerca de US$ 19 bilhões. Com estas quatro empresas globais, estamos certamente muito bem servidos de capacidade de comunicação com o mercado e de entendimento de seus negócios. Não há amadores, mas belos armadores.
Na seca de 2023, a indústria do Amazonas teve um sobrecusto de R$ 1,4 bilhões em sua operação logística. É fácil ficar indignado com tanto excesso, quando são fornecedores tão capacitados em seus negócios. Desta forma, é natural dialogar com eles para compreender o que poderá ser feito para prevenção do cenário em 2024.
E se a seca for maior? Quais os estudos em curso para enfrentar a questão? Quais estudos estão sendo financiados ou realizados diretamente para entender o problema? Afinal, a dinâmica dos rios pode afetar a navegação por mais de dois meses do ano, interrompendo o fluxo normal de navios até Manaus.
Alguns insistem em dizer que a dragagem é a solução. No entanto, eu não vejo como pode ser a solução, por um motivo simples: não resolveu no ano passado – só a chuva ajudou. Claro que a seca de 2024 pode não ser tão severa quanto foi em 2023, afinal já há sinais positivos no 12º Boletim Hidrológico da Bacia do Amazonas, emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (SGP/CPRM).
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É muito importante que se façam estudos com o objetivo de entender melhor o fenômeno das cheias e vazantes, nos pontos críticos da “hidrovia” do Amazonas, que vem até Manaus. Depois deles, será possível indicar qual a melhor solução. Sem isso, continuaremos apostando nas soluções e gastando recurso à toa.
Claro que as hidrovias ou “hidrovias” possuem a dependência das chuvas e que os governos possuem um papel fundamental na questão. Isso será tema do texto da próxima semana. O que nos preocupa, por hoje, é a responsabilidade dos operadores privados das hidrovias: o que eles farão se houver novamente a interrupção? Não são microempresas com um problema de falta de chuva. São grandes operadores globais, com grandes responsabilidades associadas com as suas operações. Minimamente, o que se espera é um diálogo profissional.
Augusto Rocha é Professor Associado da UFAM, com docência na graduação, Mestrado e Doutorado e é Coordenador da Comissão CIEAM de Logística e Sustentabilidade
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