Pesquisadores da Embrapa destacam a eficácia da compensação ambiental para comunidades agroextrativistas na Amazônia, revelando como essa estratégia pode combater o desmatamento e promover um desenvolvimento sustentável.
Um estudo realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) revelou que a castanha-da-amazônia, conhecida também como castanha-do-pará, está promovendo o desenvolvimento sustentável na Região Norte através dos pagamentos por serviços ambientais.
Essa castanha tem sido fundamental para proporcionar renda às comunidades extrativistas, ao mesmo tempo em que fomenta o desenvolvimento sustentável no Brasil. Ela contribui para o armazenamento de carbono e a regulação climática, além de auxiliar o país a atingir objetivos de programas do governo e acordos internacionais.
Os resultados foram publicados na obra “Castanha‑da‑Amazônia: Estudos sobre a Espécie e sua Cadeia de Valor, Aspectos Sociais, Econômicos e Organizacionais”, disponível online para download.
Este estudo foi elaborado por pesquisadores da Embrapa de São Paulo, Amapá e Roraima (Marcelino Carneiro Guedes, Patrícia da Costa, Carolina Volkmer de Castilho, Richardson Frazão, Sérgio Milheiras e Walter Paixão de Sousa) e integra o capítulo 11 da publicação, denominado “Serviços ecossistêmicos da floresta com castanheiras e serviços ambientais prestados pelos agroextrativistas – manejadores e guardiões da floresta em pé”.
Potencial econômico e ambiental da Castanha
“Os cientistas estudaram os PSA (pagamentos por serviços ambientais) e o pagamento por redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação florestal (REDD+) na Amazônia. Esses mecanismos se sobressaem pelo seu potencial de adicionar valor às florestas onde há presença da castanheira, trazendo benefícios extras como o armazenamento de carbono, regulação do clima e a realização de metas de programas governamentais e acordos internacionais”, afirmou a Embrapa.
De acordo com a estatal, a castanha-da-amazônia figura entre os produtos líderes do agro-extrativismo nacional, com sua cadeia produtiva envolvendo “dezenas de milhares de famílias” e gerando “milhões de dólares anualmente”. A Embrapa calcula que a produção de castanhas através do extrativismo no Brasil gera, pelo menos, R$ 130 milhões por ano.
Superalimento
Classificada como um “superalimento” devido às suas altas concentrações de nutrientes, a castanha é rica em compostos lipídicos, proteicos e antioxidantes, incluindo o selênio, conhecido por sua associação com a prevenção de doenças neurodegenerativas e câncer.
Marcelino Guedes, um dos pesquisadores, destacou a importância das áreas com castanheiras, enfatizando seu valor para a bioeconomia, a preservação das comunidades agroextrativistas e a estabilidade ecológica. “É fundamental reconhecer a importância do agro extrativismo e dos serviços ambientais prestados pelas famílias que dependem da castanha para a conservação dessa inestimável floresta”, ressaltou.
O papel da Castanheira na conservação da Amazônia
A Embrapa enfatiza que a castanheira tem um “papel crucial” na conservação da Amazônia. Presente em cerca de 32% do bioma (aproximadamente 2,3 milhões de km²), as castanheiras, embora representem somente 3% dos indivíduos em um castanhal na Amazônia Setentrional, contribuem com 40% da biomassa viva acima do solo, metade da qual é carbono.
“A espécie se faz presente em matas de terra firme em toda a região da PanAmazônia, que abrange Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Colômbia, Bolívia, Peru, Equador e Venezuela. Além de seu valor ecológico, a castanheira tem um papel significativo em processos ecossistêmicos como o armazenamento de carbono, o ciclo hidrológico, a ciclagem de nutrientes e a manutenção da biodiversidade”, explicou a estatal.
Neste cenário, a Embrapa ressalta que, além do seu valor ecológico, a castanheira tem uma grande relevância socioeconômica e cultural. “Portanto, os pesquisadores acreditam que as compensações pelos serviços ambientais, além de serem essenciais para a conservação da Floresta Amazônica, também fomentam a sustentabilidade das comunidades que dependem da castanha”.
Com informações da Embrapa
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