A controvérsia em torno da exploração de petróleo na foz do Amazonas ganha novos contornos com a decisão do IBAMA de atribuir o nível máximo de impacto ambiental à perfuração do poço FZA-M-59, operado pela Petrobras. A decisão, que veio à tona através de uma análise detalhada na Folha por Vinicius Sassine, ressalta a tensão entre as políticas ambientais e os interesses de exploração petrolífera na região, mesmo em um cenário de mudança de comando no país com promessas de enfatizar a agenda climática.
A Petrobras, que foi privatizada em junho de 2022, enfrenta críticas por insistir no projeto apesar dos claros riscos ambientais evidenciados pelo corpo técnico do IBAMA. A negativa do órgão em conceder a licença, seguida por um pedido de reconsideração da estatal, destaca a persistência em explorar uma área de alta sensibilidade socioambiental, ignorando precedentes que já indicavam a inviabilidade da iniciativa.
Este episódio resgata a memória de um projeto similar em 2011, no bloco FZA-4, abandonado pela Petrobras após dificuldades técnicas severas, incluindo a perda de controle de uma plataforma de perfuração devido às fortes correntes na região. Ainda assim, a estatal acumula dívidas em compensações ambientais, como os R$ 140 mil destinados ao Parque Nacional do Cabo Orange, que até hoje não foram quitados
A situação financeira da Petrobras, que reportou um faturamento diário de R$ 517,5 milhões com a produção de petróleo no terceiro trimestre do ano anterior, coloca em perspectiva o valor irrisório da compensação ambiental não paga, representando apenas 0,02% de seu faturamento diário.
Enquanto o Congresso retoma suas atividades, pressões políticas para flexibilizar as regras de licenciamento ambiental ameaçam intensificar a exploração de petróleo em regiões vulneráveis, contrariando os esforços necessários para a transição energética e a proteção ambiental. O Brasil, prestes a sediar a COP30, encontra-se em um momento crítico para definir seu papel no cenário climático global. A mensagem do IBAMA é clara: para liderar na agenda climática, é essencial que o país abandone definitivamente a exploração de petróleo na Amazônia, uma região crucial para a biodiversidade global e o equilíbrio climático
*Com informações CLIMA INFO
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