Enormes custos serão enfrentados se não agirmos para conter a perda de biodiversidade e respeitar limites da Terra
O planeta Terra, mais uma vez, foi classificado em estado crítico. Por meio de um relatório divulgado recentemente, no mês de outubro, o Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK) constatou que a atividade humana tem colocado o planeta em perigo ao pressionar alguns limites fundamentais para a manutenção do equilíbrio – e da vida – na Terra. Dos nove processos listados no documento, sete já foram ou estão próximos de serem ultrapassados, e a tendência futura é de transgressão.
Esses limites planetários foram propostos em 2009 por Johan Rockström, diretor do PIK. Desde então, pesquisadores têm trabalhado para identificar e quantificar alguns limites do nosso planeta.
Limites da Terra na COP16
À medida que a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16) começa nesta semana, o tema deve se intensificar como centro dos debates entre cientistas e acadêmicos. Enquanto se preparam para as negociações, especialistas ao redor do mundo alertam que as apostas são altas e que “não há tempo a perder”.
As principais questões a serem discutidas na COP16 incluem se os países ricos vão cumprir a meta de contribuir com um mínimo de US$ 20 bilhões anuais para países de baixa e média renda até 2025, além de todos os países definirem suas metas domésticas para proteger a biodiversidade – menos de 20% haviam feito isso antes da reunião.
Os limites da Terra que já foram ou serão ultrapassados em breve:
- Mudanças no uso da terra do planeta
- Mudanças climáticas
- Biodiversidade
- Ciclo do nitrogênio e fósforo
- Uso de água doce
- Poluição química por compostos como microplásticos
- Acidificação dos oceanos
A presença de aerossóis na atmosfera, como poeira e fuligem, e degradação da camada de ozônio atualmente não são considerados próximos de serem ultrapassados, sendo o segundo resultado de ações passadas tomadas pelos países para combater a degradação que estava em curso.
Biodiversidade é essencial
“A biodiversidade não é um ‘luxo’ — é um elemento crucial para a implementação de ações contra as mudanças climáticas, para a saúde e o bem-estar, e para a produção sustentável de alimentos”, diz o professor Rob Brooker, chefe de ciências ecológicas no Instituto James Hutton.”Sem ação, nosso planeta será ainda mais degradado nas próximas décadas. Teremos mais pessoas famintas vivendo em um mundo com um clima menos estável e com mais eventos climáticos extremos”, completa.
Rick Stafford, professor da Universidade de Bournemouth, diz que as pessoas em geral não entendem a urgência do cenário apresentado. “Estamos muito próximos desses limites críticos, onde não seremos capazes de recuperar essa biodiversidade, e isso tem grandes efeitos na sociedade – não se trata apenas de poder ver algumas borboletas.”
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