Pesquisadores da Embrapa Clima Temperado, em colaboração com a startup Partamon, obtiveram um registro histórico junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para uma vespa nativa capaz de parasitar até 40% das larvas das moscas-das-frutas, pragas que causam prejuízos significativos à fruticultura brasileira, estimados em mais de 180 milhões de reais. Esse marco é resultado de mais de 12 anos de pesquisa e representa o primeiro produto fitossanitário baseado em um organismo nativo, com tecnologia 100% brasileira.
A vespa, denominada Doryctobracon areolatus, recebeu a Especificação de Referência (ER 54) como produto fitossanitário. Esse avanço abre portas para que empresas interessadas busquem o registro para utilizar o parasitoide em sistemas de produção orgânicos e convencionais em todo o país. A tecnologia reforça ainda mais o controle biológico no Brasil, que cresce a uma taxa superior à média mundial, com um aumento de 20% em comparação com a média global de 7%.
Embora cerca de 90% da tecnologia já esteja pronta, os estudos continuam para qualificar as orientações aos produtores e validar a viabilidade em escala comercial. As recomendações atuais incluem informações sobre os níveis esperados de controle, quantidade a ser liberada por área e a forma de disponibilização para a venda. A pesquisa também está explorando a associação do controle biológico com outros métodos, visando a eficácia do Manejo Integrado de Pragas (MIP).
A startup Partamon, que colaborou no desenvolvimento da tecnologia, está em busca de parcerias para a produção em larga escala das vespas, permitindo que o novo produto atenda às necessidades do setor produtivo de frutas no Brasil. Essa parceria público-privada não só foi fundamental para o desenvolvimento da tecnologia, mas também para viabilizar sua produção comercial.
O controle biológico oferecido pela vespa nativa Doryctobracon areolatus representa um grande avanço na proteção das plantações de frutas no Brasil, reduzindo os danos causados pelas moscas-das-frutas e promovendo uma abordagem mais sustentável para a agricultura no país. Com o registro obtido, espera-se que esse parasitoide desempenhe um papel crucial na proteção das safras e no aumento da produtividade na fruticultura brasileira.
A colaboração entre a Embrapa e a startup Partamon iniciada em 2018 e renovada até 2025 resultou em uma conquista significativa para a agricultura brasileira. Os sócios Sandro Daniel Nornberg e Rafael da Silva Gonçalves, que antes eram bolsistas da Embrapa, conduziram pesquisas sobre o parasitoide Doryctobracon areolatus durante seus estudos de pós-graduação em Fitossanidade na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
A parceria visava obter informações essenciais que faltavam para registrar o parasitoide junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e torná-lo um produto comercial. A Partamon ficou encarregada de realizar testes de campo para detalhar o processo e fornecer informações técnicas para a Especificação de Referência (ER) – uma espécie de bula técnica. A parceria também permitiu a captação de recursos para pesquisa, incluindo financiamento e contratação de bolsistas para trabalhar no laboratório da Embrapa.
A vespa Doryctobracon areolatus é nativa das Américas e é um parasitoide de moscas-das-frutas que causam danos significativos à fruticultura brasileira. Ela deposita ovos dentro das larvas das moscas-das-frutas, e quando os parasitoides eclodem, se alimentam das larvas, eliminando-as antes que possam se tornar adultos e se reproduzir.
O resultado dessa pesquisa e parceria representa um grande avanço na proteção das plantações de frutas no Brasil, com o potencial de reduzir os danos causados pelas moscas-das-frutas e promover uma agricultura mais sustentável no país.
Pragas agrícolas têm sido uma preocupação constante para os produtores em todo o mundo, representando uma ameaça significativa para as colheitas e a economia. No Brasil, onde a agricultura é uma parte vital da economia, as moscas-das-frutas têm sido uma dor de cabeça para os agricultores, causando prejuízos estimados em mais de 180 milhões de reais por ano na fruticultura brasileira. No entanto, uma descoberta histórica recente está trazendo esperança e inovação para a agricultura brasileira: uma vespa nativa que pode parasitar até 40% das larvas dessas moscas-das-frutas.
Esta vespa, classificada como um inseticida biológico, demonstrou uma notável taxa de parasitismo durante estudos em pomares experimentais. Em áreas menores, a recomendação é liberar 10 mil desses parasitoides por hectare. Embora em áreas maiores esse número possa diminuir pela metade nos pomares comerciais, o potencial da vespa como aliada na proteção das plantações é inegável.
O controle biológico de pragas é uma estratégia promissora, mas pode ser demorado na natureza. Os parasitoides, como essa vespa, dependem das pragas para se reproduzir, e o equilíbrio natural pode levar tempo para ser atingido. No entanto, no controle biológico aplicado, os parasitoides são criados em condições controladas e liberados em quantidades estratégicas. No caso da vespa Doryctobracon areolatus, as liberações ocorrem semanalmente para suprimir rapidamente a população da mosca-das-frutas antes que ocorram danos econômicos significativos.
Um dos aspectos mais notáveis dessa tecnologia é que ela é totalmente nativa do Brasil, representando o primeiro produto fitossanitário baseado em um organismo nativo com tecnologia 100% nacional. A expectativa é que esse avanço possa ser utilizado em todo o país, ajudando a fortalecer o controle biológico na agricultura brasileira.
Além de sua eficácia, a vespa atua principalmente na supressão populacional das moscas-das-frutas em áreas adjacentes aos pomares, como matas nativas ou pomares domésticos. Isso contribui para a redução da necessidade de aplicação de produtos químicos, promovendo uma agricultura mais sustentável.
Os pesquisadores enfatizam que não há riscos significativos para o meio ambiente devido à liberação desses parasitoides. O equilíbrio natural entre os parasitoides e as pragas é mantido, e a vespa nativa não afeta outras espécies de insetos ou plantas.
Essa conquista extraordinária é o resultado de doze anos de pesquisa, realizada em parceria pela Embrapa Clima Temperado e a startup Partamon. Os estudos começaram em 2011, mapeando parasitoides nativos e adaptados à região neotropical do Brasil. Além de seu impacto na mosca-das-frutas, os pesquisadores estão explorando o potencial do controle biológico em outras pragas agrícolas, demonstrando como a natureza pode fornecer soluções inovadoras para os desafios da agricultura moderna.
Com essa tecnologia pioneira, os agricultores brasileiros podem estar mais perto de proteger suas colheitas de forma sustentável e eficaz, enquanto contribuem para um futuro mais verde e saudável para a agricultura no Brasil. A vespa nativa do Brasil se destaca como uma solução valiosa e orgulhosamente brasileira para os problemas agrícolas do país.
*Com informações EMBRAPA
Comentários