Estamos em meio ao caos, que deve começar a desaparecer na segunda quinzena de novembro. Tomara que, nestes quinze, vinte ou trinta dias de confusão que restam, consigamos juntar energia para a ação construtiva de 2024. Do caos faz-se a ordem, mas temos também a oportunidade de seguir focados nos oportunismos das crises, cobrando sobrepreços para transporte, esperando uma emergência para agir, pois sempre que há o caos, uns choram, mas outros vendem lenços.
Por Augusto Cesar Barreto Rocha
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Os ambientes de destruição e agressivos com os quais as pessoas têm encarado a Amazônia em sua existência recente trouxeram este presente do caos, onde o rio, batizado erroneamente de hidrovia, deixa de passar navios maiores e ninguém revela com clareza quantos contêineres não passaram ou não receberam, nem armadores, nem clientes, nem reguladores.
Enquanto isso, o DNIT se esforça para remover sedimentos e liberar um canal de passagem com 8m para navios e não nos deixar desabastecidos. Em Manaus, seguimos respirando fumaça, enquanto os céus não apagam os incêndios, nem enchem os rios.
Outras empresas buscam oportunidades de transbordo, enquanto a chuva não acontece. São negócios de valores expressivos, que sobrecarregam o custo de operar na Amazônia. Trazer isso para a ordem e daí para um controle mínimo é uma oportunidade. Sair do caos da logística e dos transportes para as empresas do Polo Industrial e comércio de Manaus e transformar os rios em hidrovias, com uma garantia maior do que a existente, é a grande oportunidade que encontramos em meio ao caos logístico da cabotagem no Arco Norte.
Poderemos sair da seca nos rios, em um evento histórico, para um caos logístico, tendo a oportunidade de construir um Plano Amazonense de Logística e Transportes (PALT), completando o que o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) tem negligenciado. Do caos faz-se a ordem, se os gestores assim quiserem. Esta é a oportunidade que o desabastecimento coloca. É mandatório que não fechemos os olhos para o problema, porque haverá seca no próximo ano, pois se trata de um evento sazonal.
Este caos, a olhos vistos, depende de chuva para resolver pela natureza e com naturalidade, ou das ações humanas para trazer ordem ao caos. Fora disso, seguiremos destruindo e restringindo passagens, por segurança da navegação. Há um silêncio enorme dos atores empresariais, que cobram sem parar ações dos governos, mas não a alocação de orçamento para a construção ou manutenção de infraestrutura na Amazônia. Precisaremos sempre de recursos para emergência, de difícil obtenção e gasto? Recursos para ações mais perenes nunca aparecem nos orçamentos públicos federais para infraestrutura, com alocação na LDO e LOA.
Estamos em meio ao caos, que deve começar a desaparecer na segunda quinzena de novembro. Tomara que, nestes quinze, vinte ou trinta dias de confusão que restam, consigamos juntar energia para a ação construtiva de 2024. Do caos faz-se a ordem, mas temos também a oportunidade de seguir focados nos oportunismos das crises, cobrando sobrepreços para transporte, esperando uma emergência para agir, pois sempre que há o caos, uns choram, mas outros vendem lenços. Precisamos deixar de ter um leviatã ensandecido, passando a ter um leviatã no corredor estreito da criação de riqueza com a Amazônia
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Augusto Rocha é Professor Associado da UFAM, com docência na graduação, Mestrado e Doutorado e é Diretor Adjunto do CIEAM
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