“O Natal não é uma celebração dedicada meramente à confraternização anual, mas uma persistente crença na necessidade da harmonia cotidiana. O propósito do amai- vos uns aos outros”.
Por Belmiro Vianez Filho
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Em meio à multiplicidade dos votos natalinos, somos convocados a uma pausa reflexiva diante da fragilidade da vida e da incerteza que a envolve. Isso nos invade, fortemente, quando somos submetidos a cuidados médicos/hospitalares. Nestes momentos surgem indagações sobre a existência: Qual o propósito do Natal em um mundo repleto de sofrimentos, calamidades, destruição e morte?
Aqui e ali surgem convites para participar de rodas de orações. Recorrer a Deus, na descrença dos homens, por uma solução à matança e animosidade histórica entre nações, populações, até famílias, como temos visto na atualidade. Diante desses apelos, surge a indagação mais crucial: Por que, em lugar de procurar, perdemos a conexão com o divino, por que nos desencantamos com o sagrado, alegando a ausência do príncipe da paz em nossos dias de tantas tragédias?
A celebração natalina, assim, passa a ser, muitas vezes, interrompida pelas sombras perversas de conflitos e desordens. Isso nos confronta com uma pergunta crucial: Qual é o sentido de celebrar a fraternidade se persistimos em nos colocar uns contra os outros, de maneira irracional e prejudicial? Na humildade de um estábulo, entre animais e camponeses, e desprovido de qualquer pompa, nasce a mensagem natalina. A proposta de superação da lei do talião ressoa nos ensinamentos de Jesus, que instiga a oferecer a outra face em vez de retribuir violência. A harmonia vinda do presépio, ensejada como bem precioso, se apresenta como antídoto à crescente violência que permeia nossa sociedade.
A urgência de desmontar a estrutura de violência desta civilização predatória não se limita apenas à preservação ambiental, mas também à construção de relações fundamentadas em humildade, fraternidade e paz. O Natal não é uma celebração dedicada meramente à confraternização anual, mas uma persistente crença na
necessidade da harmonia cotidiana. O propósito do amai-vos uns aos outros.
Ao proclamar “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade“, precisamos entoar um cântico que vai além do simbolismo litúrgico. É um chamado à ação, à prática diária da mensagem natalina. Que possamos compreender e viver a essência do Natal, propagando humildade, fraternidade e paz não apenas na noite festiva, mas em cada dia de nossas vidas.
Nossa oração não deve ser apenas uma expressão superficial de votos, mas um compromisso sincero em buscar compreender o sentido maior do Natal. Que nossas ações reflitam a verdadeira mensagem que desejamos proclamar: Feliz Natal, paz e harmonia entre todas as criaturas. Este é o chamado fraterno e exortativo que ecoa não só na noite de Natal, mas em cada amanhecer de nossas jornadas.
Belmiro Vianez Filho é empresário do comércio, ex-presidente da ACA e colunista do portal BrasilAmazôniaAgora e Jornal do Commércio
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